Por: Jorge Eduardo Magalhães
Embora estivesse repercutindo bastante e sendo um verdadeiro sucesso, tinha consciência de que a coluna do “Anjo Epistolar” poderia me causar sérios problemas. Descobrindo que eu era o responsável pelo Patrulha Carioca, poderiam me investigar, dar falta da minha esposa e descobrirem o que eu fiz.
Sempre conheci minhas limitações, sabia que não resistiria por muito tempo a um interrogatório da polícia, logo confessaria o meu crime e levaria os policiais até o local onde havia escondido o cadáver. Tive até pesadelos desenterrando o corpo de minha esposa.
As falas de Cardoso acerca da sina, da maldição do Patrulha Carioca também não saíam da minha mente. Os primeiros donos foram à falência. Quem teria sido o jornalista que desapareceu sem deixar vestígios? Qual seria a minha sina, a maldição que o jornal me reservara?
Lisa estava na cozinha preparando o jantar e aproveitei para trabalhar um pouco. Fazia calor naquela noite e resolvi fechar a janela para ligar o ar-condicionado. Chegando à janela, vi uma estranha figura em frente ao prédio. Apesar de estar de noite e fazer muito calor, estava de chapéu, óculos escuros e um grosso sobretudo. Parecia um personagem de desenho animado ou daqueles antigos filmes policiais americanos.
Constatei que olhava para a janela de meu apartamento e me deu um sorriso. Senti um calafrio. Aquela estranha figura escondia algo de macabro.
– Lisa?!
– O que foi?
– Vem aqui, rápido!
– Estou com panela no fogo.
– Desliga e vem rápido.
Lisa foi até a mim e me virei para falar com ela.
– Olha aquela figura, olhando para a nossa janela.
Lisa chegou à janela.
– Não tem ninguém.
Realmente o indivíduo havia desaparecido.
– Mas ele estava bem ali em frente, neste instante, olhando para cá.
– Deve ser algum maluco, relaxa.
Voltou para a cozinha.
Certamente, aquele indivíduo não estava ali por mero acaso: era alguém que estava me espreitando. Talvez fosse da polícia; um matador contratado pelos Junqueira Porto ou mesmo alguém que soubesse do meu crime e quisesse me chantagear. Minha angústia era intensa.
Precisava esclarecer aquilo tudo; saí do apartamento sem que Lisa percebesse, desci o elevador e andei apressadamente pelo quarteirão. Dava tempo de alcançá-lo, ele não poderia ter ido muito longe. Era necessário lhe perguntar o que queria comigo e aliviar meu coração.
Andei pelos arredores e não encontrei ninguém. Voltei para o meu apartamento e os pratos estavam na mesa. O olhar de Lisa escondia algum segredo.
NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.
Acessem meu blog: http://jemagalhaes.blogspot.com
Adquiram meu livro UMA JANELA PARA EUCLIDES
editorapatua.com.br/uma-janela-para-euclides-dramaturgia-de-jorge-eduardo-magalhaes/p
Essa Lisa não me engana. Ela nem pergunta do trabalho dele. Sabe mais do que aparenta.