O ANJO EPISTOLAR: CAPÍTULO 67 – Estranha figura

Por: Jorge Eduardo Magalhães

Embora estivesse repercutindo bastante e sendo um verdadeiro sucesso, tinha consciência de que a coluna do “Anjo Epistolar” poderia me causar sérios problemas. Descobrindo que eu era o responsável pelo Patrulha Carioca, poderiam me investigar, dar falta da minha esposa e descobrirem o que eu fiz.

Sempre conheci minhas limitações, sabia que não resistiria por muito tempo a um interrogatório da polícia, logo confessaria o meu crime e levaria os policiais até o local onde havia escondido o cadáver. Tive até pesadelos desenterrando o corpo de minha esposa.

As falas de Cardoso acerca da sina, da maldição do Patrulha Carioca também não saíam da minha mente. Os primeiros donos foram à falência. Quem teria sido o jornalista que desapareceu sem deixar vestígios? Qual seria a minha sina, a maldição que o jornal me reservara?

Lisa estava na cozinha preparando o jantar e aproveitei para trabalhar um pouco. Fazia calor naquela noite e resolvi fechar a janela para ligar o ar-condicionado. Chegando à janela, vi uma estranha figura em frente ao prédio. Apesar de estar de noite e fazer muito calor, estava de chapéu, óculos escuros e um grosso sobretudo. Parecia um personagem de desenho animado ou daqueles antigos filmes policiais americanos.

Constatei que olhava para a janela de meu apartamento e me deu um sorriso. Senti um calafrio. Aquela estranha figura escondia algo de macabro.

– Lisa?!

– O que foi?

– Vem aqui, rápido!

– Estou com panela no fogo.

– Desliga e vem rápido.

Lisa foi até a mim e me virei para falar com ela.

– Olha aquela figura, olhando para a nossa janela.

Lisa chegou à janela.

– Não tem ninguém.

Realmente o indivíduo havia desaparecido.

– Mas ele estava bem ali em frente, neste instante, olhando para cá.

– Deve ser algum maluco, relaxa.

Voltou para a cozinha.

Certamente, aquele indivíduo não estava ali por mero acaso: era alguém que estava me espreitando. Talvez fosse da polícia; um matador contratado pelos Junqueira Porto ou mesmo alguém que soubesse do meu crime e quisesse me chantagear. Minha angústia era intensa.

Precisava esclarecer aquilo tudo; saí do apartamento sem que Lisa percebesse, desci o elevador e andei apressadamente pelo quarteirão. Dava tempo de alcançá-lo, ele não poderia ter ido muito longe. Era necessário lhe perguntar o que queria comigo e aliviar meu coração.

Andei pelos arredores e não encontrei ninguém. Voltei para o meu apartamento e os pratos estavam na mesa. O olhar de Lisa escondia algum segredo.

NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.

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One comment

  1. Avatar

    Essa Lisa não me engana. Ela nem pergunta do trabalho dele. Sabe mais do que aparenta.

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