O ANJO EPISTOLAR: CAPÍTULO 68 – Estado febril

Por: Jorge Eduardo Magalhães

Toda aquela angústia e ideia fixa de estar sendo vigiado, de ter a impressão de alguém sabia sobre meu crime e que Lisa escondia alguma coisa, foram me causando um imenso mal-estar. Em poucos dias, emagrecia a olhos vistos e nada parava em meu estômago.

Provavelmente, devido ao meu estado emocional e à grande carga de estresse, por algo que não tinha certeza se realmente estava acontecendo, fui acometido por um intenso estado febril. Apesar do calor, sentia muito frio e arrepios. A dor no corpo era incômoda. Não conseguia me levantar da cama.

Lisa mostrou-se, verdadeiramente, preocupada, e cuidou de mim com chás e antifebris. Mostrava-se uma legítima esposa preocupada com a saúde de seu cônjuge. Nunca, nem nos primeiros anos de meu casamento, alguém cuidava de mim daquele jeito, com tanto zelo e carinho.

Dentro de meu estado febril, tive delírios e devaneios. Andava, durante a noite, em uma rua deserta e via no final da rua o homem que olhava para minha janela. De longe, permanecia parado com o sorriso fixo para mim. Sentia muito medo, mesmo assim, aproximava-me.

– O que você quer comigo?

– Quero justiça! – respondia.

– Como assim?

– Em nome de todos esses.

Surgia minha esposa, ainda com as marcas no pescoço. A seguir, entravam o cabeleireiro Ed, Ted, O casal Junqueira Porto, Jussara, Joãozinho de Belzebu, Gervásio, Conchita e Manuelita.

– Estou em nome de todos esses! – dizia o homem.

– Mas eu não fiz nada.

– Você tirou a minha vida – dizia minha esposa.

– Eu fiz isso porque estava fora de mim, mas sempre te amei.

Surgia Cardoso com outros policiais.

– Você vai apodrecer na cadeia.

– Mas Cardoso…

De repente, Lisa estava diante de mim.

– Pensou que eu amasse? – deu uma gargalhada – Como você é idiota! Entrei na tua vida para te desmascarar.

Imobilizado pelos policiais, Lisa me dava tapas no rosto.

Acordei de meu delírio com Lisa colocando pano úmido em minha testa.

– A febre vai abaixar, fique tranquilo. Você teve delírio, disse um monte de coisas.

– Que coisas? – perguntei preocupado.

– Não deu para entender, foram frases desconexas.

Deu-me um remédio. Fiquei preocupado com as coisas que poderia ter dito em meu estado febril. Levantei-me. Ainda estava fraco. Peguei o computador e levei para a cama. O Anjo Epistolar havia enviado sua “Décima-Terceira Epístola”.

NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.

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One comment

  1. Avatar

    A consciência pesada ainda o vai denunciar.

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