Por: Jorge Eduardo Magalhães
Aquela última epístola causou um verdadeiro alvoroço. Teria sido o Cabo Gervásio o assassino do casal Junqueira Porto? Parecia história de filme de terror. Em uma das mensagens da caixa de e-mail do jornal, alguém até chegou a citar o filme Balada para Satã, que aborda essa temática.
Assim como os leitores do jornal, estava completamente envolvido com a narrativa do Anjo Epistolar. Sentia-me tão inebriado que, um dia, fui tomar um banho e esqueci o computador ligado, com a página do jornal aberta. Quando saí do banheiro, Lisa estava sentada em frente ao computador, lendo o site, cujas notícias ainda estavam sendo formatadas.
Ficamos alguns instante calados, um olhando para o outro.
– Então é você?
– Lisa…
– Então você que é o redator do Patrulha Carioca.
– Posso te explicar.
– Por que não me falou antes?
– Queria manter o sigilo, corro risco.
– E não confia em mim?
– Não é isso. É que…
Lisa não me deixou falar.
– Você inventa aquelas histórias do Anjo Epistolar?
– Não. Ele que me envia suas epístolas.
– E quem é ele?
– Na verdade, eu não sei.
– Nossa! Que coisa!
– Quero que isso seja um segredo nosso. Só nosso.
– Não confia em mim?
– Agora sou obrigado a confiar.
Deu um sorriso meigo que não me convenceu muito.
– Sabe que te admiro muito! Você é um homem formidável!
– Obrigado… – respondi de forma tensa.
– Você é tudo o que eu sempre sonhei!
Aproximou-se de mim e me deu um beijo. Fomos para a cama. Tive a impressão de que havia algo de sórdido em seu olhar meigo e em suas carícias. Aquela estranha atmosfera se intensificara ainda mais.
NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.
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Aposto que ela já sabia! Sinistro!