Por: Jorge Eduardo Magalhães
A partir do dia em que Lisa descobriu que eu estava por trás do Patrulha Carioca, passou a me tratar ainda mais carinhosamente e seu olhar exalava admiração. Começou até a me dar sugestões acerca da formatação do jornal, elaborar um caderno com resenhas críticas, onde ela escreveria a resenha, com um pseudônimo, obviamente.
Disse que estudaria o caso, pois o público-alvo do jornal era composto por leitores que gostavam de uma imprensa marrom, sensacionalista e que não eram, propriamente, apreciadores de literatura; entretanto, não era uma má ideia, poderíamos pensar nisso e mudar o foco, principalmente, quando as epístolas encerrassem.
Embora tudo parecesse perfeito, estava nas mãos de Lisa e, apesar de toda a sua dedicação, tinha a impressão de que Lisa estava representando, que tudo aquilo era um teatro. Parecia que já sabia de tudo, não convenceu ao parecer tão surpresa ao descobrir que eu era o dono e editor do Patrulha Carioca.
O seu comportamento era estranho e adorável. Se eu não tivesse o pressentimento de que algo estava errado, seria o homem mais feliz do mundo, mas todo aquele amor não me convencia. Tinha a constante sensação de que estava fingindo, que a qualquer momento ela mostraria suas garras.
Fiquei quase sem palavras quando Lisa propôs que nos casássemos oficialmente. Não poderia me casar, pois ainda era casado e não teria como pedir o divórcio, tendo em vista que minha esposa estava morta e seu cadáver, secretamente, ocultado. Desconversei e falei para darmos tempo ao tempo.
– Será que você já é casado? – disse Lisa em tom de sarcasmo.
Tentei disfarçar meu temor e fingi ter levado na brincadeira e disse para darmos tempo ao tempo.
Ainda tenso, abri o computador. Estava lá mais uma epístola.
NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.
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Ela sabe sim! Só está jogando verde, fazendo-o cair em contradição ou desespero.