Por: Jorge Eduardo Magalhães
Prezado Editor,
Continuando, consegui convencer Manuelita a instigar Gervásio a assassinar Paulo Alberto e sua esposa, Ana Flávia, para ele e Conchita tomarem o corpo do casal de médicos a partir de um suposto trabalho de magia negra. Sabia que Manuelita era uma trambiqueira e aquilo não funcionava, mas disse que queria pregar uma peça no Gervásio para ele passar vergonha, era uma espécie de vingança. Como também não nutria o menor respeito pelo marido da neta, aceitou. Foi dada a Manuelita uma chave que abria qualquer porta.
Tinha convicção de que Gervásio era um frouxo e não teria coragem e, caso tivesse, impediria que o fizesse, pois Paulo Alberto estava ciente e zombaríamos dele na hora H. Mesmo desconfiada, mas tentada pela enorme quantia que lhe paguei, aceitou convencer o idiota do Gervásio.
Não vale a pena perder tempo com os rituais a que Manuelita submeteu Gervásio. Disse que não precisava levar sua neta para o sacrifício do casal, pois só através do ritual feito em casa é que os dois tomariam o corpo do casal de médicos. Conchita e Gervásio foram feitos um para o outro e, assim como ele, a lutadora era uma idiota e acreditou naquilo tudo, tentada a se transformar em uma mulher rica e bonita.
No dia do assassinato, meus querubins providenciaram para que tivesse uma queda de energia na rua onde morava o casal, no Jardim Botânico. Por isso, Gervásio entrou no prédio sem ser visto e sem que as câmera de segurança o flagrassem. Levou uma faca, ungida em um ritual por Manuelita. Aproveitou que o casal dormia. A perícia encontrou garrafa de uísque vazia no apartamento e uma considerável dose de álcool nos corpos. O restante não precisa contar.
Soube que Gervásio ficou desesperado ao se olhar no espelho e ver o seu rosto magro e não o de Paulo Alberto, como era esperado.
Continuamos na próxima epístola.
Cordialmente,
O Anjo Epistolar
NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.
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Tem gente doida pra tudo. Não duvido que alguém seria capaz de uma loucura assim na realidade.