O ANJO EPISTOLAR: CAPÍTULO 73 – Suposto verdadeiro assassino

Por: Jorge Eduardo Magalhães

A motivação do assassinato do casal Junqueira Porto pelo Cabo Gervásio resultou em um verdadeiro furor, um grande alvoroço, com uma enorme repercussão, como já era de se esperar. Os leitores especulavam o motivo pelo qual o Anjo Epistolar instigou que o casal fosse assassinado.

Lisa estava fascinada com aquilo tudo. Aparentemente, estava guardando segredo e era a minha cúmplice em relação ao Patrulha Carioca e até dava algumas sugestões para renovar o jornal, assim que a coluna do Anjo Epistolar acabasse. Tudo parecia perfeito, mas ainda tinha uma estranha sensação.

Ainda naquela semana, após a publicação da “Décima-Quarta Epístola”, que revelava a identidade do assassinato do casal Junqueira Porto, um acontecimento deu uma reviravolta no caso e deixou a coluna do “Anjo Epistolar” e, consequentemente, o Patrulha Carioca em descrédito.

Houve um assalto em uma padaria no Jardim Botânico e, ao ser preso, sem ninguém perguntar, o assaltante confessou ser o assassino dos Junqueira Porto. A Polícia, orgulhosa por ter desvendado o caso, chamou a imprensa e mostrou o verdadeiro assassino do casal de médicos.

Imediatamente, recebi uma avalanche de mensagens, algumas até ofensivas, chamando o jornal de mentiroso e sensacionalista. A família de Paulo Alberto avisou que processaria o jornal por alardear notícias falsa. O Comando da Polícia-Militar, em nota, disse lamentar que um meio de comunicação de massas acusasse, injustamente, um membro da corporação.

Achei que a trajetória do Patrulha Carioca havia terminado. O número de assinaturas despencou vertiginosamente. No fundo, confesso que fiquei aliviado. Já tinha dinheiro suficiente para viver bem e recomeçar uma nova vida bem longe do Rio de Janeiro, em um lugar onde ninguém me conhecesse.

Lisa tentou me fazer desistir da ideia de abandonar tudo e propôs que renovássemos o jornal com a sua coluna literária. Há algumas semanas, o carnavalesco Juarez Purpurina, antigo colunista do jornal, nos tempo em que ainda era impresso, mandou-me um e-mail querendo reativar sua coluna sobre Carnaval. Inicialmente, não achei uma boa ideia, pois Juarez acumulara derrotas pelas agremiações em que passou, inclusive no Grupo de Avaliação, o último das escolas de samba que desfilam na Intendente Magalhães.

Entretanto, com todo esse descrédito, comecei a reconsiderar a ideia, inclusive de entrevistar garotas de programa e travestis, como fazia o Patrulha Carioca em seus tempos áureos. Lisa estava disposta a me ajudar.

NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.

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One comment

  1. Avatar

    Era melhor que ele fosse embora. Abandonasse tudo mesmo.

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