Por: Jorge Eduardo Magalhães
Prezado Editor,
Lamentavelmente, fui obrigado a eliminar o magricela do Cabo Gervásio e as duas gordas. Confesso que fiquei triste, eram pessoas perdidas, solitárias; mas era preciso que fosse assim, pois Gervásio era um homem fraco, ficou desesperado quando percebeu que a magia deu errado e não se transformara no Dr. Paulo Alberto.
Como não entendia nada de Medicina, combinou com a desmiolada da Conchita que, assim que os dois passassem para os corpos do casal Junqueira Porto, venderiam a clínica, os bens, viveriam de renda e viajariam pelo mundo. Pobres coitados. Tão idiotas.
Sabia que Gervásio não aguentaria a pressão: mesmo que ninguém desconfiasse dele, acabaria se entregando. Manuelita sabia quem eu era e, rapidamente, chegariam até mim, desmembrando todo o projeto de justiça social de minha falange. Não tinha outra solução, os três não poderiam ficar vivos.
Assim como no caso de Joãozinho de Belzebu, planejei um homicídio por tabela. Lá nas proximidades do Catumbi, onde os três moravam, há um local de venda de Bendita, a droga que te faz realizar seus sonhos, que a Polícia ainda não conseguiu descobrir. Altamente viciante, o usuário imagina aquilo que ele quer, vive uma vida de sonhos.
Meus querubins conseguiram fazer com que chegasse aos ouvidos dos traficantes que Gervásio, Manuelita e Conchita eram informantes e, logo, os três foram eliminados pelos meliantes. O trio foi abatido a facadas, com crueldade. Confesso que não queria que fosse daquela forma, mas não teve outro jeito.
Cordialmente,
O Anjo Epistolar
NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.
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