Por: Jorge Eduardo Magalhães
Antes mesmo de o Anjo Epistolar revelar o motivo pelo qual eliminou o casal de médicos, a família Junqueira Porto mostrou-se indignada devido ao comentário da “Décima-Sexta Epístola”, na qual dizia que “estavam longe de ser pessoas dignas e virtuosas”.
O pai de Paulo Alberto ameaçou processar o Patrulha Carioca. Começava a me tranquilizar, pois embora preferisse o sigilo em relação à minha ligação com jornal para não ter aborrecimentos, não estava cometendo nenhum crime, tinha como provar que, simplesmente, apenas publicava o que o Anjo Epistolar me enviava.
Foi entre essas minha reflexões que levei um susto quando meu deparei com Lisa usando um vestido azul, exatamente idêntico ao que minha esposa usava quando tinha a sua idade. Parecia uma alucinação, uma visão do passado. Até o sorriso mais largo, quando queria me surpreender, era idêntico.
– Gostou? – perguntou com uma voz pueril.
– O que é isso?
– Não está vendo? Um vestido.
– Mas onde você encontrou este vestido?
– Comprei em uma liquidação. Está feio?
– Não é que…
Não conseguia falar. Estava trêmulo, sem ação. Lisa percebeu o meu olhar de pavor. Vi que sentia medo de mim.
– O que está acontecendo?
– Tira este vestido, pelo amor de Deus!
– Mas por quê? Fala o que está havendo contigo!
Por pouco não me denunciei, confessando meu delito. Continuava imóvel.
– Você é louco! Me dá medo.
Foi para o quarto chorando. Aos poucos, comecei a colocar as ideias no lugar. Estava me certificando de que a presença de Lisa em minha vida, o livro de Kafka e o vestido azul não eram meras coincidências.
NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.
Acessem meu blog: http://jemagalhaes.blogspot.com
Adquiram meu livro UMA JANELA PARA EUCLIDES
editorapatua.com.br/uma-janela-para-euclides-dramaturgia-de-jorge-eduardo-magalhaes/p
Sim, essa Lisa só pode estar envolvida.