O ANJO EPISTOLAR: CAPÍTULO 80 – Despedida

Por: Jorge Eduardo Magalhães

Lisa se trancou no quarto. Do lado de fora, escutava o seu choro. Fui louco, agi como um monstro; mas tinha algo errado naquilo tudo. Ela não colocara aquele vestido azul idêntico ao da minha esposa, e nem estava lendo o mesmo livro de quando ela foi morta por acaso. Não existem duas coincidências.

Resolvi dar uma volta na rua para tentar raciocinar e acalmar os meus ânimos. Sentei-me em um bar e pedi um chope. Entre um gole e outro, tentava colocar minhas ideias no lugar. O que estava acontecendo em minha vida? Pela primeira vez, estava sendo bem-sucedido, o Patrulha Carioca ia de vento em popa; entretanto, a minha mente era uma confusão de sentimentos.

Pedi mais um chope, não tive coragem de voltar para casa, precisava decidir sobre o meu destino com Lisa. Bebi uns três ou quatro chopes e ainda andei sem rumo pelas ruas do bairro, procrastinando o meu retorno. Aos poucos, conseguia recuperar a minha sanidade.

Demorei cerca de duas horas para criar coragem e retornar. Conversaria com Lisa e seria sincero, perguntando se fora mesmo por acaso que entrara em minha vida. Claro que não entraria em detalhes, não me acusaria, mas era necessário termos uma conversa bastante séria.

Ao chegar ao meu apartamento, Lisa me esperava na sala. Suas malas estavam prontas.

– Lisa, precisamos conversar.

– Não temos mais nada o que conversar. Tomei minha decisão. Vou embora daqui.

Sem muita vontade, tentei argumentar:

– Mas Lisa…

– Não tem jeito. Já decidi. Pode deixar que não vou falar nada para ninguém sobre o Patrulha Carioca.

Deu-me um beijo na face.

– Se cuida.. – disse antes de desaparecer pela porta.

Talvez tivesse pensado que eu correria atrás dela. Muito pelo contrário, estava até aliviado. Lisa representava um passado que eu não queria lembrar. Precisava de uma vida nova.

NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.

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