Por: Jorge Eduardo Magalhães
Após o silêncio da família do casal, da grande mídia e de celebridades que eram íntimos da dupla de criminosos, esse silêncio ensurdecedor, ninguém mais se atreveu a defender o casal Junqueira Porto, e houve um verdadeiro apagão sobre o caso. Era como se eles nunca tivessem existido. Ninguém queria ter seus nome relacionado a Paulo Alberto e Ana Flávia Junqueiro Porto.
Um forte cerco policial foi colocado na porta do prédio onde funcionava a Clínica Junqueira Porto para evitar invasões e depredações por parte de populares, indignados com os bizarros e macabros rituais que a dupla praticava. Aparentemente, não ocorreu nenhuma tentativa.
Todos abandonaram o tema, menos – e obviamente –, o Patrulha Carioca, que não deixou o caso cair em esquecimento, explorando ao máximo o assunto. Publiquei uma matéria com as horríveis fotos enviadas pelo meu contato da polícia, intitulada “Os verdadeiros monstros de Sepetiba”.
Naquela semana, recebi muitas mensagens, parabenizando-me pelo trabalho e o Anjo Epistolar se tornava o herói de muita gente. Ao mesmo tempo que estava apavorado, sentia uma enorme satisfação com a repercussão do caso e do sucesso do meu jornal.
Até o Cardoso, lá do interior, enviou uma mensagem, parabenizando-me pelo meu trabalho; mas, mesmo assim me recomendou que largasse o Patrulha Carioca. Realmente, Cardoso tinha razão, não era mera superstição, era fato. Algo de ruim rondava o jornal.
Na verdade, em relação às soluções dos crimes, não havia feito nada, e só reproduzira as mensagens do Anjo Epistolar. Devido a este caso, o número de assinaturas triplicou. Minha situação econômica estava cada vez melhor. Podia abandonar tudo e viver a minha vida sem nunca mais precisar trabalhar: poderia recomeçar no lugar em que quisesse.
Tinha a sensação de que todo aquele martírio estava chegando ao final. O caso havia sido solucionado. O Anjo Epistolar estava correto e, em breve, conseguiria me livrar desse meu misterioso interlocutor, do Patrulha Carioca e de toda aquela vida louca que estava levando.
Olhei no meu celular e Lisa, felizmente, havia me bloqueado. Torcia para que desaparecesse para sempre da minha vida; embora, de vez em quando, batesse certa saudade.
Foi durante esse fervor que recebi a “Décima-Oitava Epístola”.
NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.
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Ih, quando tudo parece calmo, mais uma bomba!