O ANJO EPISTOLAR: CAPÍTULO 91 – Última Epístola

Por: Jorge Eduardo Magalhães

Prezado Editor,

É com muito prazer, certamente que lhe envio esta última epístola; aliás, é um deleite maior do que enviar todas as anteriores. Peço desculpas pela demora, mas tive um momento de recesso para mim e meus querubins, quando fizemos um retiro em um processo de purificação.

Eis que, repleto de satisfação, relato o último crime, no qual, o responsável terá, de uma forma ou de outra, que punir a si mesmo, seja se entregando ou tirando a vida, com o auxílio de um dos meus querubins. Sendo assim, vamos ao que nos interessa, pois sei que os leitores do jornal estão ansiosos.

Um jornalista fracassado era casado com uma mulher bem-sucedida. A ascensão da esposa e o declínio do marido, entre outros fatos, foi afastando o casal; afinal de contas, as diferenças foram se tornando cada vez maiores, a ponto de ela sentir vergonha de apresentá-lo aos seus amigos, até a ter um amante e engravidar dele.

Não aguentando perdê-la e sendo humilhado pela mesma, que não queria dar dinheiro para comprar os direitos do jornal Patrulha Carioca, em um ato de desespero, deu cabo de sua vida por esganamento e ocultou seu cadáver em uma mata de um sítio de propriedade da vítima. O assassino ainda ficou com o seu dinheiro e mandou mensagem pelo celular da esposa, passando-se por ela.

O que o editor-assassino não se deu conta foi a queda de luz que permitisse que arrastasse o corpo até a garagem do prédio, sem ser flagrado pelas câmeras de segurança e pelo fácil esquecimento que todos tiveram de sua esposa. Tudo isso foi graças à ação de meus querubins, o que não entrarei em detalhes.

Os leitores e o próprio assassinos devem estar se perguntando se eu sabia de tudo, porque não impedi o assassinato. Como eu sabia, não vou dizer; mas como disse, tenho olhos em todos os cantos; se não impedi é porque sabia que, de qualquer forma, o crime iria acontecer e, sendo assim, deixei que ocorresse logo para ter essa narrativa esplendorosa. Para que adiar algo que aconteceria mais cedo ou mais tarde?

Venho aqui me despedir dos leitores do Patrulha Carioca e agradeço o carinho e incentivo do meu trabalho. Espero que o editor-assassino seja punido, de uma forma ou de outra, pelo bárbaro crime que cometeu e, mais uma vez, seja promovida a verdadeira justiça.

Continuarei, junto com meus querubins, a fomentar um mundo melhor para se viver livre do despotismo, das mazelas sociais ou arbitrariedade, que assolam a nossa humanidade

Cordialmente,

O Anjo Epistolar

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One comment

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    E agora? Será que vai ter coragem de publicar isso? Por sorte, ninguém sabe a sua identidade.

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