Por: Jorge Eduardo Magalhães
– O que farei agora? – perguntei-me.
Meu coração disparou. Não acreditei no que estava acontecendo. A tão esperada epístola que era a expectativa da minha libertação, na verdade, era a minha destruição, a minha ruína. Fiquei perdido, não sabia o que fazer, qual atitude tomaria. Meu mundo desabou de vez.
Lembrei-me da das palavras de Cardoso acerca da sina do Patrulha Carioca, palavras essas que desdenhei e sina, que talvez tenha começado em minha vida, quando tive a ideia de reativar o jornal. Como me arrependia.
Não poderia publicar aquela “Última Epístola”. Estaria me incriminando, confessando um crime que realmente havia cometido. Mas como ele sabia daquilo? Cheguei a cogitar a hipótese de que estivesse blefando; mas não blefaria com tanta riqueza de detalhes.
Não. Não publicaria aquela última epístola. Decidi fazer as malas e ir para bem longe. Ainda não sabia para onde. Iria direto para o aeroporto. Desisti de fazer as malas. Só tomaria um banho e trocaria de roupa. Deixaria tudo ali no apartamento, como se eu tivesse desaparecido para sempre. Levaria apenas meus documentos, algum dinheiro e o cartão do banco.
As ligações privadas recomeçaram. Não atendi, mas continuaram insistentemente. Atendi e o outro lado continuava mudo. Estava desesperado. Nem tomei banho, troquei de roupa e saí, com a intenção de deixar aquela vida inteira e tudo o que a lembrava, eternamente, para trás.
Desliguei o celular e o deixei em cima da mesa. Fechei a porta com cuidado. Quando chegasse ao destino que ainda não sabia qual, descartaria a chave do apartamento. O elevador demorava mais que o normal (pelo menos, essa era a impressão). Finalmente chegou e entrei.
Ao sair passar pela portaria, o porteiro não estava. Não quis pedir um carro por aplicativo, temi que meu celular estivesse sendo rastreado. Não passava nenhum táxi. De repente, tive uma desagradável surpresa.
NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.
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Nossa! Muito tenso… Quem será agora?