*Por Bruno Veillard
O Fórum de Países Exportadores de Gás (GECF) nasceu, em 2001, na Argélia, e constitui-se numa organização intergovernamental que reúne doze Estados permanentes, os quais são: Argélia, Bolívia, Egito, Guiné Equatorial, Irã, Líbia, Nigéria, Qatar, Rússia, Trinidad e Tobago, Emirados Árabes e Venezuela. A GECF agrupa os principais exportadores de gás natural do mundo, que representam em termos estatísticos 70% das reservas mundiais e 40% da produção comercial global.
Durante a VII Cimeira de Chefes de Estado e de governo do GECF que ocorreu em Argel, capital da Argélia, no último dia 02 de março, a pauta concentrou-se no estímulo do gás natural, tal como fonte energética contribuinte frente a realidade climática. Embora o gás tenha origem fóssil ele é menos poluente do que o petróleo, e garante a produção de eletricidade e aquecimento para milhões de pessoas, seja na Argélia, seja na Europa.
No GECF também se manifestou o compromisso dos Estados-membros com a cooperação entre produtores e consumidores, à fim de atrair novos membros, e a realização de parcerias com instituições do ramo e organismos internacionais. Nessa perspectiva percebe-se o esforço conjunto pelo fortalecimento da atividade energética, e ajuda a compreender o papel do gás natural entre os desafios geopolíticos da atualidade.
O professor de Ciência Política e Relações Internacionais, Nour Al-Sabah Aknoush, da Universidade de Biskra, observa que o papel argelino na construção de um objetivo sustentável, e de afirmação do gás natural, como elemento estratégico elenca uma abordagem de longo prazo para a indústria nacional. Nesse contexto Aknoush comenta no Jornal Al-Shaab: “Uma metodologia visionária que acomoda toda boa vontade e ideias limpas destinadas a estabelecer um mundo de energia limpa para as gerações futuras, que mais tarde julgarão positivamente o que foi alcançado na Argélia no início de março de 2024”.
Os analistas expressam que no âmbito ambiental o diálogo entre os Estados é positivo no sentido de intensificar a diminuição do uso de energias não sustentáveis, entretanto entendem que o fator de transformação do gás natural em vitrine de exportação representa um desvio de conexão, pois a ênfase recai mais na pauta comercial, do que propriamente com a pauta climática. No âmbito político o discurso do GECF não enfatiza nenhum investimento para a troca gradual de matrizes energéticas, mas elenca um ideal de desenvolvimento econômico e social com a ausência de planejamento num futuro sem a dependência do gás natural.
*Bruno Veillard é especialista em relações internacionais e colaborador do Polo de Notícias