Por: Jorge Eduardo Magalhães
Não aguenta mais aquele homem tão rude, tão grosseiro. Final de semana, ela faz um almocinho com carinho, coloca na mesa aquela toalha especial. Ele nem olha para ela, pega a comida e se senta em frente à TV para ver o seu time jogar. Grita, torce e xinga o juiz de boca cheia.
Quando quer sexo, pede para ela abrir as pernas, vai por cima, urra, depois vira para o lado e ronca feito um porco.
Não suporta mais aquela vida. Renunciou a tudo por causa daquele casamento. Largou os estudos e o emprego, suas carnes tenras caíram. Quanto a ele não é mais aquele rapaz doce e meigo, parece mais um ogro, a barriga antes tão definida, agora está bem avolumada, os cabelos começavam a rarear. Nem filhos tiveram e ele jogava o tempo todo isso em sua cara. No seu pensamento machista, a culpa era dela, pois se recusara a fazer o exame.
Seu contato com o mundo exterior é a janela. Sabe a vida de todos e de todas.
A filha da vizinha está com namoradinho novo. Que rapaz lindo, desenvolvido! Sente inveja juvenil da menina. Não consegue tirar o rapaz da cabeça.
Anoitece, o marido chega excitado, leva-a para o quarto, provavelmente deve ter se enroscado com alguma vagabunda na rua. Cumpre suas obrigações de esposa com um prazer indescritível pensando no namorado da filha da vizinha.
Acessem meu blog: http://jemagalhaes.blogspot.com
Adquiram meu livro UMA JANELA PARA EUCLIDES
editorapatua.com.br/uma-janela-para-euclides-dramaturgia-de-jorge-eduardo-magalhaes/p
Menos mal que o pensamento ainda é livre.
Se não tem remédio… Kkkk. Muito boa abordagem psicológica da mulher!