A situação de emergência em Gaza está em colapso, com a população enfrentando “níveis de desespero sem precedentes”, conforme o Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha). As operações humanitárias da ONU são severamente limitadas por proibições de movimento, rotas perigosas, saques e escassez de motoristas, enquanto relatos de ferimentos e mortes em postos de distribuição de alimentos não gerenciados pela ONU continuam a surgir.
Desafios na Distribuição de Ajuda e Novas Ordens de Evacuação
Desde o final de maio, a distribuição de ajuda em Gaza tem sido feita por Israel e pelos Estados Unidos, de forma independente das agências da ONU e seus parceiros. Nesta segunda-feira, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha reportou que 29 vítimas, oito delas já mortas, chegaram ao hospital de campanha em Rafah, com a maioria apresentando ferimentos por explosão e duas com ferimentos de bala.
O porta-voz adjunto da ONU, Farhan Haq, enfatizou que ninguém deveria ser forçado a escolher entre arriscar a vida e alimentar a família. As autoridades israelenses emitiram quatro novas ordens de evacuação para zonas do norte de Gaza desde sexta-feira, em resposta a relatos de disparos de foguetes palestinos. O Ocha reitera que os civis devem ser protegidos, incluindo aqueles que fogem ou permanecem após as ordens.
Os desafios humanitários da ONU em Gaza incluem restrições de movimento, insegurança nas rotas, saques e falta de motoristas. No fim de semana, a passagem de Kerem Shalom foi fechada por Israel, impedindo a coleta de suprimentos. Nesta segunda-feira, 11 das 18 tentativas da ONU de coordenar movimentos de ajuda humanitária foram rejeitadas pelas autoridades israelenses, afetando o transporte de água, combustível e resgates. Houve relatos de saque de itens humanitários, especialmente farinha, na passagem de Kerem Shalom por pessoas desesperadas por comida. Os estoques de combustível em Gaza estão se esgotando, e cerca de 260 mil litros foram roubados no norte de Gaza no fim de semana, exacerbando a crise humanitária.
Relatório da ONU Denuncia Destruição do Sistema Educacional e Crimes de Guerra
Nesta terça-feira, a Comissão Internacional Independente de Inquérito da ONU sobre o Território Palestino Ocupado divulgou um novo relatório impactante. O documento afirma que Israel destruiu o sistema educacional de Gaza e mais da metade de todos os locais religiosos e culturais.
A análise aponta que as forças israelenses realizaram um “ataque generalizado e implacável contra o povo palestino” que constitui crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Embora com foco em Gaza, o relatório também aborda ataques em outras partes do Território Palestino e em Israel.
A presidente da Comissão, Navi Pillay, declarou que “o ataque de Israel à vida educacional, cultural e religiosa do povo palestino prejudicará as gerações atuais e as futuras, dificultando seu direito à autodeterminação”. A Comissão documentou e investigou casos de incêndio e demolição de instalações educacionais pelas forças israelenses, classificando-os como “deliberados e desnecessários”.
Soldados israelenses foram filmados zombando de palestinos e da educação antes de destruir escolas e universidades, e também apreenderam e usaram instalações educacionais como bases militares. O relatório menciona um caso em que a ala militar do Hamas também usou uma escola para fins militares, violando o Direito Internacional Humanitário que exige distinção entre bens civis e objetivos militares.
O relatório conclui que, ao matar civis que se abrigavam em escolas e locais religiosos, as forças de segurança israelenses cometeram o crime de extermínio contra a humanidade.
Com informações de ONU News
Wagner Sales