O Governo do Estado do Rio de Janeiro, por meio da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD), deflagrou nesta terça-feira (27/05) a “Operação Caronte”. O objetivo é combater um esquema de fraude milionária no transporte público, que desviou verbas dos cofres públicos através de manipulações no Bilhete Único Intermunicipal.
Agentes estão cumprindo nove mandados de busca e apreensão em residências e empresas de permissionários de vans, acusados de desviar dinheiro com viagens que nunca aconteceram. A operação também conta com o apoio do Detro para fiscalizar o uso de veículos roubados no transporte de passageiros.
O governador Cláudio Castro reforçou a importância da ação: “O trabalho de inteligência da Polícia Civil contra a lavagem de dinheiro para desarticular essas quadrilhas é de extrema importância, principalmente quando envolve prejuízo aos cofres públicos. Não vamos permitir que essas organizações criminosas se apropriem do dinheiro dos cidadãos e seguiremos avançando nas investigações.”
A investigação desvendou um esquema sofisticado envolvendo linhas intermunicipais entre a Baixada Fluminense (Guapimirim, Magé, Piabetá e Raiz da Serra) e o Centro do Rio. Os fraudadores simulavam dezenas de passagens por hora em vans de 15 lugares, utilizando cartões RioCard e o sistema de bilhetagem eletrônica para burlar os repasses do estado. Em um caso, foram registradas mais de 34 validações em uma hora, sem nenhum passageiro a bordo.
O inquérito apontou que os criminosos montaram uma organização criminosa com divisão de tarefas, ocultação de patrimônio e lavagem de dinheiro. Esse esquema era sustentado por um fluxo constante de repasses falsificados do programa Bilhete Único, que movimenta cerca de R$ 900 milhões anualmente. A estimativa é que o prejuízo causado por esse grupo possa chegar a dezenas de milhões de reais por ano, um dinheiro que deveria subsidiar o transporte de trabalhadores fluminenses, mas que acabou irrigando contas bancárias e empresas de fachada ligadas aos investigados.
O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, destacou o sucesso da operação: “Mais uma vez, desarticulamos um esquema criminoso que vinha causando prejuízo ao estado. A operação é resultado de uma investigação profunda, que revelou toda a estrutura da organização criminosa. Vamos seguir trabalhando, sempre com muita inteligência, para beneficiar os cidadãos fluminenses.”
Inteligência e Alvos da Operação
As apurações incluíram oitivas de testemunhas, cruzamento de dados do sistema de bilhetagem, rastreamento de itinerários e cooperação com o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e o Laboratório de Tecnologia contra a Lavagem de Dinheiro (LAB-LD) da Polícia Civil. O relatório de inteligência financeira revelou movimentações incompatíveis com as rendas declaradas, saques fracionados em espécie, repasses cruzados entre os próprios permissionários e vínculos com cooperativas e locadoras de fachada.
Entre os investigados estão dirigentes de cooperativas e operadores de linhas suspeitas de funcionar como “fábricas de bilhetes falsos”, alguns com antecedentes em outras fraudes, inclusive no setor de combustíveis. Em um dos casos, um investigado apontado como líder movimentou mais de R$ 1,2 milhão em seis meses, incluindo R$ 259 mil em dinheiro vivo.
A Operação Caronte visa apreender documentos, celulares, mídias digitais, veículos de alto valor e joias de origem suspeita, além de acessar o conteúdo de dispositivos eletrônicos e registros de dados em nuvem para comprovar o esquema criminoso.
Com informações de assessoria
Wagner Sales- editor de conteúdo
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