O Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ), com apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), 1 e a Polícia Civil, por meio da 60ª Delegacia de Polícia (Campos Elíseos), deflagraram, nesta terça-feira (13 de maio de 2025), a Operação Plexo. A ação resultou no cumprimento de 22 mandados de prisão preventiva e 21 de busca e apreensão contra integrantes da facção criminosa Comando Vermelho.
A Operação Plexo tem como alvo uma célula interestadual do Comando Vermelho, com ramificações nos estados da Paraíba, São Paulo e Mato Grosso, além do Rio de Janeiro. A investigação aponta que a facção atua em diversas comunidades no RJ e também “importava” criminosos de outros estados com capacidades operacionais específicas para reforçar sua estrutura.
Os 22 alvos da operação foram denunciados pelo MPRJ por uma série de crimes graves, incluindo tráfico de drogas, associação para o tráfico, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e comércio ilegal de armas, falsidade ideológica e lavagem de capitais. Entre os alvos destacados pela investigação está Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca.
Os mandados foram expedidos pela 3ª Vara Criminal de Duque de Caxias e visavam a numerosos endereços no Rio de Janeiro, abrangendo bairros e comunidades como Complexo do Alemão, Comunidade da Grota, Itanhangá, Benfica, Pavuna, Rocha Miranda, Bonsucesso, Guadalupe, São Cristóvão e Barra da Tijuca. A operação também se estendeu a outros estados, com mandados sendo cumpridos na Paraíba (Cabedelo e João Pessoa), em São Paulo (Araras e Fazendinha) e em Mato Grosso (Pontes e Lacerda).
De acordo com a denúncia do GAECO/MPRJ, o núcleo do Comando Vermelho desarticulado pela Operação Plexo tem base em comunidades estratégicas como Muzema, Cidade de Deus, Complexo do Alemão, Penha e Duque de Caxias, mantendo as ramificações nos três estados citados.
As investigações atribuem o comando dessa estrutura a duas figuras centrais: Jonathan Ricardo de Lima Medeiros, conhecido como Dom, apontado como líder da célula paraibana do Comando Vermelho, e Luiz Carlos Bandeira Rodrigues, o Da Roça, articulador da Muzema. Ambos, que estariam escondidos no Complexo do Alemão, comandavam remotamente as operações logísticas, articulando o transporte de drogas e armas entre estados, coordenando o abastecimento de comunidades no Rio de Janeiro e gerenciando esquemas de lavagem de dinheiro utilizando contas bancárias e empresas em outros estados. Foragidos de outros estados também integram essa estrutura, reforçando a logística e a “blindagem” da organização, que operava com um elevado grau de profissionalização e resistência à repressão estatal.
Apuração da 60ª DP (Campos Elíseos), com o apoio do Gabinete de Recuperação de Ativos (GRA) da Polícia Civil, desvendou toda a organização criminosa interestadual que abastece o CV. O grupo tinha um esquema minucioso e sofisticado com núcleos operando em diversas comunidades do Rio de Janeiro e integrantes atuantes em outros estados do país. As condutas envolviam ainda lavagem de dinheiro. Foi observada uma movimentação de R$ 5 milhões em menos de um mês, por exemplo. Por conta disso, os agentes representaram pelo bloqueio de cerca de R$ 40 milhões em bens e valores de pessoas físicas e jurídicas ligadas ao grupo.
– A operação desta terça foi planejada a partir de uma investigação muito profunda. Nosso objetivo é conter a expansão do Comando Vermelho, desarticular o esquema de lavagem de dinheiro e ainda combater o fornecimento de armas. Os resultados que estamos obtendo, com prisões e apreensões, são fundamentais para a população fluminense – detalha o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi.
Além da captura dos alvos e da coleta de evidências para robustecer as investigações, a operação também busca a asfixia financeira do grupo, para interromper essa engrenagem. A consequência imediata esperada é a interrupção na logística para obtenção de armas e de drogas a lideranças do CV que atuam em diversas comunidades.
Segundo as autoridades, todo o trabalho investigativo teve ainda a colaboração da Polícia Rodoviária Federal, da Receita Federal, do Exército Brasileiro e do Homeland Security Investigations dos Estados Unidos. As diligências desta terça-feira têm apoio de delegacias do Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), além das Polícias Civis de São Paulo, Mato Grosso e Rondônia.
A ação faz parte da “Operação Contenção”, uma ofensiva estratégica para conter e atacar o avanço territorial da facção criminosa Comando Vermelho na Zona Oeste do Rio. O principal objetivo é desarticular a estrutura financeira, logística e operacional da organização criminosa, além de prender traficantes que atuam na região. Até agora, em etapas anteriores, já foi solicitado bloqueio de mais de R$ 6 bilhões em bens e valores da facção criminosa.
Com informações de assessoria
Wagner Sales – editor de conteúdo
Foto: Reprodução