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Papa Leão XIV: 30 dias de Paz, Reconciliação e Unidade na Igreja

No último dia 8 de maio, às 18h07 (hora de Roma), a fumaça branca da Capela Sistina anunciou a eleição do 267º Papa da história. Uma hora depois, em seu primeiro discurso, o Pontífice Leão XIV, cujo nome de batismo é Robert Francis Prevost, invocou a “paz de Cristo Ressuscitado”. Trinta dias depois, o tema da reconciliação aparece entre as prioridades do magistério deste primeiro papa agostiniano, com o objetivo de uma Igreja que seja “farol” nas noites do mundo.

A “paz do Cristo Ressuscitado, desarmada e desarmante, humilde e perseverante” foi invocada por Papa Leão XIV desde os primeiros momentos de seu pontificado, ao aparecer no Balcão central da Basílica Vaticana. Seu apelo à reconciliação e ao diálogo ressoou na Praça de São Pedro e em todo o mundo.

Nos dias seguintes, essa invocação foi repetida em quase todos os discursos públicos do Pontífice. Com firmeza, no domingo, 11 de maio, ele se dirigiu aos poderosos do mundo em seu primeiro Regina Caeli, enfatizando: “Nunca mais a guerra!”. Com a mesma convicção, pediu que a paz fosse “justa e duradoura” nos territórios feridos por conflitos e violência, com destaque para a Ucrânia e a Faixa de Gaza.

Desarmar Palavras para Desarmar a Terra: A Não Violência como Estilo

A reconciliação invocada por Leão XIV é aquela que possui “dignidade” e se baseia no encontro, diálogo e negociação, erradicando a vontade de conquista. É a paz que constrói pontes e dá voz a todos, incluindo os pobres, jovens e marginalizados. O Pontífice exorta a um “cessar-fogo não só das armas, mas também das palavras”, pedindo para “desarmar as palavras para desarmar a Terra” e dizendo não à “guerra das palavras e das imagens”. O objetivo é criar espaços de diálogo e confronto através de uma comunicação capaz de ouvir.

Este compromisso não se restringe aos católicos, mas representa uma responsabilidade comum, tanto inter-religiosa quanto ecumênica, livre de condicionamentos políticos e ideológicos. Em um mundo assolado pela guerra, a unidade dos cristãos desempenha um papel vital, permitindo levar adiante a promessa de uma paz verdadeira e duradoura e curar as feridas do passado com a “coragem de amar”.

Essencialmente, Papa Leão XIV exorta à “não violência como método e estilo” para cada decisão, relação e ação. Somente assim se constrói um “nós” capaz de se traduzir em nível institucional, agindo como “fermento de unidade, de comunhão, de fraternidade” na história.

Visão de Igreja: Unidade, Missão e Compaixão

Junto ao forte tema da paz, o primeiro mês do pontificado de Robert Francis Prevost, o primeiro papa agostiniano da história, também revela uma imagem clara da Igreja que ele propõe: a Igreja da unidade. Isso se reflete em seu lema pontifício, “In Illo uno unum – No único Cristo somos um”, uma citação de Santo Agostinho que expressa que, mesmo sendo muitos, os cristãos são um em Cristo.

Leão XIV deseja uma Igreja fundada no amor de Deus, que seja “sinal de unidade e comunhão” e “fermento para um mundo reconciliado”. Uma Igreja “missionária, que abre os braços ao mundo, que anuncia a Palavra, que se deixa inquietar pela história e que se torna fermento de concórdia para a humanidade”. Ele a descreve como uma “cidade situada no monte, arca de salvação que navega através das ondas da história, farol que ilumina as noites do mundo”, iluminada por sua beleza em três dimensões: o compromisso da conversão, o entusiasmo da missão e o calor da misericórdia.

Além das Fronteiras: Evangelização e Compaixão em Ação

Uma Igreja conscientemente unida, que se percebe como “membro do Corpo de Cristo”, abre-se à universalidade da missão evangelizadora. Ela busca “ultrapassar as fronteiras das paróquias, dioceses e nações” para “compartilhar com todos os lugares e povos a sublimidade do conhecimento de Jesus Cristo”, pois o amor e a unidade são as dimensões da missão confiada a Pedro por Jesus.

A unidade da Igreja-família de Deus também se reflete na família-Igreja doméstica, com Leão XIV reafirmando que a “união universal” é “sinal de paz” e de “futuro dos povos”. Ele enfatiza que o mundo de hoje precisa da aliança conjugal para “conhecer e acolher o amor de Deus e superar, com a sua força que une e reconcilia, as forças que desintegram as relações e as sociedades”. A graça sacramental do matrimônio deve ser testemunhada, pois a vida cristã é “a experiência maravilhosa do encontro com Jesus”, e não apenas um conjunto de preceitos.

Por fim, o tema da compaixão tem sido central. Desde 8 de maio, Papa Leão XIV enfatizou que “antes de ser uma questão religiosa, a compaixão é uma questão de humanidade!”. Ele lembrou que “antes de sermos crentes, somos chamados a ser humanos”, e que a compaixão se expressa por “gestos concretos”, aproximando-se do próximo. “Não se pode pensar em manter distância, é preciso envolver-se, sujar-se, talvez contaminar-se… porque o outro não é um pacote a ser entregue, mas alguém de quem se deve cuidar”, disse o Papa, explicando que a compaixão se aprende com o coração de Jesus e também com ela se constrói a paz.

Com informações de Isabella Piro / Vatican News

Wagner Sales – editor de conteúdo

Foto: @Vatican Media

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