Com pouca intensidade, escuto um assovio que vem lá de longe: uma mistura de ar frio e quente que batem em meu rosto bem suave, e vão até o pescoço. É de me arrepiar todo. Leva lembranças de tempos e momentos.
Me submeto a fechar os meus olhos levemente, devagar, até levar os meus pensamentos que não voltam mais.
Brisa, passe devagar para poder recordar aquele tempo!
Me faz lembrar o tempo de criança, tudo era tão simples o que mais preocupação era o Merthiolate quando machucava a mãe, já vinha com ele na mão para passar, ali começava o espetáculo, assombra forte…Deus me ajuda, e assim ia!
Nasci numa cidadezinha chamada Lorena, mas antes GUAYPACARÉ, em tupi guarani, terra das goiabeiras, sempre tentava ver onde estavam as famosas goiabeiras, mas uma coisa era certa na casa de minha avó tinham duas bem grandonas vermelhas e brancas.
Lá no quintal da casa da vó era uma formosura, juntava os primos, inventava brincadeiras éramos especialistas no assunto!
Tudo se passava no quintal, o lanche da tarde , no tempo de calor, cortava cana, saia até uma garapa deliciosa, inventávamos várias estórias…
De longe escutava meu tio tocando acordeon e cantando ” Índia seus cabelos nos ombros caídos,
Negros como a noite que não tem luar,
Seus lábios de rosa para mim sorrindo
E a doce meiguice desse seu olhar”
Sentia o cheiro do feijão cozinhando no fogão de lenha , com toucinho, carne seca, calabresa, era uma delícia.
No final do dia a vó já falava, separei o feijão para levar para sua mãe!
A fome já batia só chegava o feijão mesmo, sumia a calabresa , o toucinho, a carne seca pelo meio do caminho, (risos), morávamos na mesma rua.
As vezes caia, caldo de feijão pelo caminho, como prova do crime (risos), que feijão delicioso!
Denílson Costa