(22/02/2025)
Perdi hoje mais uma amiga/irmã. Morreu Lilian Knapp, ou a Lilian Sou Rebelde, ou ainda, a Lilian da dupla Lilian e Leno. Pra mim, simplesmente a Lilian, amiga delicada, sensível, espiritualizada e espirituosa, cantora afinadíssima e compositora talentosa. Camaradinha ariana. Uma irmã escolhida. Lá no outro Plano, Lilian agora compõe com e canta para os Anjos, alguns de seus muitos sucessos, como “Pobre Menina” e “Devolva-me” dos tempos da dupla com o Leno ou “Sou Rebelde”, de sua carreira solo. Desde que cheguei ao Rio, no início dos anos de 1970, logo um coleguinha me levou para conhecer o jornalista Moisés Weltman, criador e então diretor da revista Amiga.
Era fevereiro de 1973 e logo eu estreava como repórter da principal revista de fofoca do País. Daí, entrei pra valer neste segmento de Artes e Espetáculos. Nos 50 anos de prática ininterrupta desta atividade, em muitos cargos e em diversas redações, sempre evitei ficar amiguinha dos, digamos, “meus objetos de trabalho”, os artistas em geral. Procurei, nestes casos, estabelecer um relacionamento de respeito e de cumplicidade. Assim, mineiramente, fiz poucos, mas muito bons amigos famosos. Já naqueles primeiros anos de profissão, conheci a Lilian e ficamos amigas para sempre. Houve época que saímos muito juntas, mas cada uma em seu Fiat 147, então muito em voga, o dela preto e o meu vermelho. Paramos algumas vezes no estacionamento de um famoso campo de futebol, quando ela namorava o goleiro que também era da Seleção Canarinho.
Certo dia estávamos na praia de Copacabana e a Lilian, observadora, comentou – “amiga, você tá ficando com uma barriguinha…” ao que eu lhe respondi – “espera pra ver o tamanho que essa barriga vai ficar daqui uns meses”. Foi muita comemoração ali mesmo. Nem meu ex, Alfredo, nem minha família, sabiam ainda. Hoje o Felipe está com 45 anos. Foram muitas as vezes que Lilian me visitou na Bloch e, depois de almoçarmos no restaurante do terceiro andar do Edfício Manchete, costumávamos caminhar pelas alamedas dos jardins do Palácio do Catete. Havia muita cumplicidade em nossas conversas. Lembro-me bem do início de seu relacionamento com o Cadu, por quem rapidamente ela se apaixonou. Eles me visitaram certa vez, aqui no sobradão de Olaria, e foi o Cadu quem fez vários tipos deliciosos de macarrão. Também já faz um tempão que eu os visitei numa simpática casa do Recreio dos Bandeirantes. E sempre tínhamos assuntos Infinitos.
Até no ano passado eu entrava sempre na Live da Internet que minha amiga cantora comandava com seu maridão. E sempre que meu nome aparecia, eles comemoravam entusiasmados. Uns queridos. Queria ter podido visitá-la. Mas além de tudo ter acontecido muito rápido, ela estava internada em São Paulo e, com esse calorão escaldante, quase não tenho saído nem mesmo até a calçada de minha casa. Agora, mais uma vez, preciso acatar a máxima do Papa Francisco que, em bom português nos ensinou – “saudade sim, tristeza não”. Da Lilian, como muitas outras que guardo, já é uma saudade gostosa. Que Deus console o Cadu, a Priscila, sua única filha, de seu casamento com Marcio Antonucci, da dupla Os Vips, seus netos e a todos nós, seus amigos.
A foto abaixo é do ano 2000, durante o “Programa da Lili”, da TV CBN, onde eu tinha um quadro semanal chamado “Amiga Conta”, no dia em que Liliana Rodrigues recebeu boa parte dos cantores e das cantoras da Jovem Guarda. Numa inversão de atividades, a Lilian me entrevistou diante de uma Lili admirada. Doces Lembranças
Por Luzia Salles – Jornalista