Rio (RJ) – Dois mandados de prisão e quatro de busca e apreensão foram cumpridos pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (01/08) durante a operação Lástima. O objetivo é o de apurar supostas práticas de crimes de associação criminosa, fraude para recebimento de valor de seguro, peculato, desvio e inserção de dados falsos em sistema de informações da Polícia Civil.
Segundo o MP, o grupo criminoso é formado por um policial civil lotado na 24º DP (Piedade), na zona norte da capital fluminense, um empresário do ramo de veículos e um ex-funcionário de uma prestadora de serviços em veículos – que inclusive já administrou o Pátio Legal da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis da Polícia Civil –, em Deodoro. Os criminosos recrutavam pessoas com dificuldades financeiras para simularem o roubo de seus carros. O objetivo era conseguir a indenização das seguradoras fazendo falsos registros de roubo dos veículos.
Busca e apreensão
São alvos dos mandados de prisão temporária o policial civil e o ex-funcionário do Pátio Legal. Contra o empresário do ramo de veículos estão sendo cumpridas medidas de busca e apreensão. Os mandados foram expedidos pela 28ª Vara Criminal da Comarca da Capital e foram cumpridos em Niterói, Benfica e Barra do Piraí.
De acordo com as investigações, o policial inseriu 173 ocorrências de roubo de veículos das 471 registradas pela 24ª DP no ano de 2023. A representação pela prisão destaca que um único policial civil, que tem uma escala na qual trabalha um dia e folga três (escala de 24hx72h), confeccionou aproximadamente 37% das ocorrências de roubo de veículo registradas na DP onde é lotado.
O agente realizou mais de 50% dos registros confeccionados nos meses de outubro e dezembro de 2023 e confeccionou registros de ocorrência de roubo de veículo até mesmo nas suas férias. As investigações também revelaram que os registros eram confeccionados sem a presença física da suposta vítima, inclusive com falsificação de assinatura.
O falso perito criminal, com livre acesso à Cidade da Polícia (CIDPOL), era o responsável por intermediar a negociação criminosa com proprietários de veículos interessados em realizar o “tombo de seguro”, além de, algumas vezes, ser ele quem recebia os veículos no próprio pátio da DRFA. A investigação da Corregedoria da Polícia Civil já apurou ao menos quatro falsas comunicações de roubos de veículos, onde os proprietários confessaram todo o esquema fraudulento.
A investigação continuará para identificar se há participação de outros policiais e terceiros, além de desvendar, com exatidão, o que realmente é feito com os veículos, havendo indícios de serem possivelmente desmanchados ou requentados pelo grupo criminoso para serem vendidos em leilões, visto que após a entrega dos veículos na Cidade da Polícia, o destino dos carros ainda não foi esclarecido.
Com informações de assessoria
Wagner Sales – Editor de conteúdo