Luanda – A população de Benguela está consumindo o sumo caveneno chamado assim vulgarmente para fazer em substituição do açúcar. Na Polônia, por exemplo, o açúcar refinado é extraído da beterraba e vendido nos supermercados.
Segundo uma denúncia pública feita por meio de um vídeo que circula nas redes sociais, populares de uma determinada região da Província de Benguela, usam o sumo caveneno para substituir o açúcar que custa hoje 1700,00 Kwanzas, naquela localidade.
População já não come arroz
Com o preço do produto nas alturas, em Benguela a população já não come arroz e passou a substituir o açúcar. O arroz doce de caveneno”, se tornou uma alternativa para população benguelense.
Segundo Manuel dos Santos ”Angola é tal país dito rico que as pessoas usam sumo caveneno químico porque ninguém tem dinheiro para comprar açúcar ao preço que se encontra hoje. Até o simples chá, que em muitos lugares se toma sem açúcar, em Benguela parte da população adoça recorre ao sumo porque o salário básico do país de 35.000,00 kz não possibilita a compra do produto em seu estado natural. Quem comprar 17,5 quilos, certamente vai ficar sem o restante do salário para pagar os outros compromissos.
.Um facto muito interessante sobre este sumo é que consegue adoçar grande quantidade de água sem perder a propriedade. E isso suscita várias questões, por exemplo: por que 5 colheres de açúcar não adoçam 1,5 litro de água? Notamos que o ”açúcar normal” que a gente consome chama-se sacarose e faz parte dos oligossacarídeos que é um carboidrato do grupo “glicídios ” e é este açúcar que usamos no chá, leite, sumo.
Mas o que ninguém sabe é que o adoçante encontrado no caveneno não é a sacarose, mas sim aspartame, uma junção do ácido aspártico e fenilalanina, que é 200 vezes mais adoçante que a sacarose’. O uso em excesso de fenilalanina pode ser prejudicial à saúde, porque afeta o sistema nervoso central e causa retardo mental progressivo e irreversível.
O produto pode causar também diabetes, déficit de atenção, doença de alzheimer, lúpus, convulsões e má formação fetal. Alguns estudos apontam ainda que o adoçante pode ser um dos responsáveis pelo aparecimento de câncer.
Abordam socioeconômica
O economista e professor Armindo Mulande Useka, disse ao Polo de Notícias Angola que ”mediante o caso em apreço é imperioso apresentar uma abordagem socioeconômica e realista sobre o problema levantado”. Ele acrescentou, ”já a um tempo o nosso país tem vivenciado situações antagônicas sobre a produção dos bens da cesta básica. Fruto disso, algumas famílias angolanas têm tido realidades distintas”.
‘‘A fraca produtividade nacional tem acarretado problemas graves para as famílias angolanas, a maior parte dos produtos da cesta básica consumidos internamente é importada, por este motivo os preços destes bens aumentam continuamente no mercado. Então como alternativa as famílias estão a substituir estes bens (açúcar, feijão, arroz, entre outros) por outros com preços mais baixos para atender às suas necessidades”, revelou.
De acordo com o economista ”para resolvermos esta problemática que têm tirado o sono das famílias, o governo deve eliminar as taxas de importação ou subvencionar estes produtos para facilitar a aquisição destes bens por parte das famílias. ”Os órgãos de direito devem fiscalizar os programas implementados para agricultura comercial. Têm que se promover e apoiar a produção nacional. Investir no sector agrário para poder dar resposta imediata quanto a dependência econômica de Angola sobre o preço do Brent (preço do barril de petróleo no mercado internacional), de forma a reduzir as importações e por conseguinte a inflação”, sugeriu.
Useke vai mais longe ao sugerir ”implementar programas de educação alimentar para informar a população sobre opções saudáveis e acessíveis, destacando os riscos à saúde do consumo de substitutos prejudiciais. Investir em projetos que visem aumentar a produção local de açúcar, reduzindo a dependência de importações e, consequentemente, os preços elevados. Essas são apenas algumas ideias iniciais, e a abordagem ideal que pode envolver uma combinação de várias estratégias, dependendo da situação específica em Benguela e em Angola como um todo”, concluiu.
Com António Mbinga Cunga (Correspondente em Angola)
Wagner Sales – Editor de Conteúdo
Triste situação que vivemos em Angola ! já me perguntei se esta terra foi a que os nossos bisavós deixaram, ou mesmo se calhar não tinham muita visão como temos hoje.
Mais pessoas com essa visão 👏