Em sua primeira audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) após aprovação no Senado em outubro de 2024, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que a normalização da política monetária e a contenção da Selic (taxa básica de juros) exigirão reformas contínuas. Questionado pelos senadores nesta terça-feira (22/04) sobre o quinto aumento consecutivo da Selic, que atingiu 14,25% ao ano, Galípolo também abordou o aumento da inflação, da dívida pública e os impactos do cenário internacional, especialmente a guerra tarifária dos Estados Unidos.
Galípolo reconheceu o “crescimento excepcional” do Brasil, mas alertou para a inflação, considerando o cenário internacional imprevisível como principal fator na determinação dos preços. Ele defendeu a atuação do Banco Central de aumentar a Selic para conter o crescimento descontrolado dos preços e preservar a estabilidade da moeda.
Meta de inflação
O presidente do Banco Central expressou o incômodo da instituição por estar fora da meta de inflação (3% com tolerância de 1,5 ponto percentual), que atingiu 5,48% em 12 meses até março. Contudo, ressaltou que o patamar atual é inferior ao discutido anteriormente e mais próximo de economias avançadas e emergentes.
O presidente da CAE, senador Renan Calheiros (MDB-AL), enfatizou as incertezas internacionais sobre a trajetória de preços das commodities e o “remédio amargo” do aumento da Selic para conter a inflação. Ele ponderou que, apesar do bom desempenho de indicadores macroeconômicos como crescimento do PIB, renda média e baixa taxa de desemprego, o fantasma da inflação persiste.
Galípolo explicou que a recente elevação da Selic também foi influenciada pelas tarifas de importação impostas por Donald Trump, prevendo uma possível desaceleração da economia internacional e incertezas entre agentes econômicos sobre proteção em momentos de aversão a risco. Ele destacou o impacto da taxa de câmbio e da desvalorização do real sobre os preços das commodities e da inflação de alimentos. Apesar disso, apontou a diversificação da pauta comercial brasileira e o mercado doméstico relevante como fatores de proteção para o país.
Redução dos juros
A senadora Zenaide Maia (PSD-RN) defendeu a redução dos juros, mencionando a PEC 79/2019 que limita as taxas de crédito. Galípolo concordou com a necessidade de ampliar o acesso a crédito mais barato e orientou sobre o uso emergencial do crédito rotativo. O senador Oriovisto Guimarães (PSDB-PR) questionou a relação dívida/PIB com a alta taxa de juros. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), indagou sobre a estratégia de competitividade do Brasil e criticou a persistência de juros altos.
O senador Cid Gomes (PSB-CE) enfatizou que a inflação prejudica principalmente os mais pobres e criticou o sistema financeiro por se beneficiar da alta dívida pública e dos juros elevados. O líder da Oposição, senador Rogerio Marinho (PL-RN), criticou a política fiscal do governo e o aumento da dívida devido à alta Selic, contrastando com as projeções do Relatório Focus. O senador Rogério Carvalho (PT-SE) defendeu o crescimento econômico e a atuação do Banco Central para conter a desvalorização do real em um cenário internacional de guerra tarifária.
Com informações de Agência Senado
Wagner Sales – Editor de conteúdo