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“Quando a pátria cala, a diáspora grita: os angolanos exigem mudanças no poder”

Carta aberta enviada ao Presidente João Lourenço pede exoneração de ministros e denuncia práticas que ferem a dignidade dos angolanos no exterior. É a voz dos que veem o que o governo insiste em não ver.

Há momentos na história em que o silêncio é mais ruidoso que a fala. E o silêncio do governo angolano, diante dos clamores da sua própria diáspora, tornou-se ensurdecedor. Nesta semana, uma carta assinada por cidadãos angolanos espalhados pelo mundo- membros da sociedade civil, acadêmicos, profissionais da educação e saúde, religiosos, artistas e ativistas-chegou às mãos do Presidente da República, João Lourenço. Mas não veio suavemente. Ela estava carregada de crítica, indignação e um pedido direto: a exoneração de ministros que representam um governo cada vez mais distante do povo.

Não é um gesto qualquer. É a consequência de uma longa série de omissões, discriminações e descasos. É o reflexo de um país em que a política tem servido mais aos interesses de poucos do que às necessidades de muitos. E quando a denúncia vem de quem está fora, ela ecoa ainda mais alto porque não há distância que cale o sentimento de pertencimento, nem fronteira que separe o dever de falar quando se está diante da injustiça.

A diáspora angolana vê aquilo que muitos no alto escalão preferem ignorar: o colapso moral e funcional de um sistema que ainda insiste em se proteger com promessas vazias, enquanto ignora a juventude, persegue vozes críticas e trata o diferente como inimigo. A carta denuncia isso com coragem- não como um ataque ao Estado, mas como um apelo à sua regeneração.

Ao pedir exonerações, esses angolanos não buscam vingança. Buscam respeito. Reivindicam uma Angola onde os ministros não se comportem como senhores feudais, onde o povo seja escutado, e onde o governo saiba que o poder que exerce não é absoluto, é emprestado, temporário e deve servir ao coletivo.

O Presidente da República tem agora diante de si um espelho colocado não por opositores, mas pelos próprios filhos da nação. Cabe-lhe a decisão: enxergar o reflexo e mudar ou seguir fingindo que não vê. O povo falou. E desta vez, falou alto demais para ser ignorado.

 

Com informações de Antonio Mbinga Cunga (Correspondente em Angola)

Wagner Sales – Editor de conteúdo

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