Rio de Janeiro (RJ) – Nos dias 04 e 05 de junho, das 09h30 às 17h (horário de Brasília), o Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, no Flamengo, Zona Sul do Rio, receberá o “Seminário Racismo Ambiental”, uma realização da organização internacional ActionAid. Em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com o Centro Brasileiro de Justiça Climática (CBJC) e com apoio da Fundação Heinrich Böll e do Projeto SETA (Sistema de Educação por uma Transformação Antirracista), o evento debaterá o tema Racismo Ambiental, ainda pouco conhecido pela população, mas testemunhado pela ActionAid nos territórios em que atua no Brasil há 25 anos. Para participar é necessário realizar a inscrição através do link: https://encurtador.com.br/
Durante o Seminário, pautas como insegurança alimentar e mulheres negras; mobilidade urbana e ocupação das cidades; tecnologias sociais e políticas públicas para questões climáticas, ambientais e agrárias serão discutidas. A agenda tem como objetivo fortalecer a articulação e os diálogos entre as organizações comunitárias, instituições, setor privado e movimentos sociais de comunidades rurais e urbanas.
Discussão
Para Ana Paula Brandão, Diretora Programática da ActionAid, ainda existe pouca discussão sobre Racismo Ambiental e o seminário é uma oportunidade para especialistas, governo e movimentos sociais dialogarem e produzirem conhecimento sobre o assunto. “Nosso objetivo é estimular o debate sobre o quão desigual é o impacto das mudanças climáticas e o que precisa ser feito para superá-lo, mas também expandir o olhar sob outras perspectivas: historicamente, quem tem direito pleno à cidade e ao campo? Quem tem voz nas tomadas de decisões? Assim, a questão de raça e gênero precisa estar no centro dessa conversa, pois sabemos que esses são os grupos mais vulneráveis e suscetíveis às violações de direitos, mas também agentes de soluções efetivas”, analisa.
“Embora a conceituação do racismo ambiental seja relativamente recente, práticas, políticas e ações relacionadas às questões ambientais que tenham uma ligação direta com a luta por justiça racial são fundamentais. O enfrentamento por justiça social e ambiental é uma luta histórica por igualdade racial, tendo em vista o nosso processo de colonização e escravização de populações negras e indígenas”, comenta Junior Aleixo, Especialista de Justiça Climática na ActionAid.
A pesquisa “Percepções sobre Racismo no Brasil”, encomendada pelo Projeto SETA , iniciativa realizada pela ActionAid, e o Instituto de Referência Negra Peregum ao IPEC, mostrou que apenas 24% da população sabe o que é ou já ouviu falar em Racismo Ambiental. De acordo com o Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz, o termo Racismo Ambiental se refere a uma forma de desigualdade socioambiental que afeta, principalmente, as comunidades marginalizadas e populações negras e indígenas.
A recente tragédia climática que acometeu o estado do Rio Grande do Sul aponta a necessidade de amadurecimento e de debates sobre o assunto. Áreas historicamente marginalizadas, como favelas e comunidades quilombolas, possuem mais riscos de inundações e, possivelmente, terão mais dificuldades para se reerguerem devido à falta de suporte do poder público.
De acordo com um levantamento da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq), organização que compõe a aliança do SETA, o estado gaúcho possui 145 quilombos, distribuídos por 70 municípios e todos foram atingidos pelas enchentes. Aproximadamente 17.500 quilombolas sofrem com os impactos da tragédia.
Para Aleixo, para combater as mudanças climáticas, é imprescindível que uma educação antirracista esteja diretamente integrada ao ensino ecológico, que discuta o que é racismo, justiça social e meio ambiente. “O racismo ambiental é incompatível com esforços para que se possa combater de maneira efetiva as mudanças climáticas, e uma educação antirracista e ecológica é essencial para mudar esse quadro”, salienta o especialista.
Com informações de assessoria
Wagner Sales – Editor de conteúdo