Na noite do dia 8 último, o nosso Grupo Parlamentar realizou uma vigília pacífica defronte à sede da Rádio Nacional de Angola (RNA), num gesto simbólico e firme em defesa da liberdade de imprensa um direito constitucional tantas vezes atropelado. Mas, enquanto velávamos por um jornalismo livre, a pergunta que nos assombra permanece: será que a RNA, a TPA e a TV Zimbo noticiaram o facto? Ou continuam algemadas ao poder político?
O silêncio desses órgãos sobre a nossa manifestação diz mais do que qualquer manchete. Não é apenas uma omissão. É uma declaração de submissão, de censura interna, de medo ou de cumplicidade. Numa altura em que o país clama por pluralismo informativo, as principais televisões e rádios públicas (e pseudoprivadas) escolhem esconder da população actos cívicos legítimos e pacíficos. Por quê?
A liberdade de imprensa não se resume ao direito de publicar; passa também pela responsabilidade de informar. Quando um Grupo Parlamentar eleito pelo povo protesta de forma pacífica por um valor universal como a liberdade de expressão, isso é notícia. Mas quando a imprensa vira as costas a essa realidade, dá-se razão ao protesto: há censura. E a imprensa nacional continua presa não por falta de jornalistas capazes, mas por directivas que os mandam calar.
A TPA, a RNA e a TV Zimbo continuam, portanto, algemadas. E as algemas não são de aço, mas de conveniência política. Estão acorrentadas a uma lógica ultrapassada de controlo da informação, típica de regimes que temem o poder da palavra livre. Enquanto isso, o povo, a democracia e a verdade vão sendo silenciados nas entrelinhas do jornal das 20h.
A vigília foi por eles também. Por aqueles profissionais que, mesmo sob pressão, ainda acreditam no jornalismo. Por cada angolano que tem o direito de saber, de formar opinião e de discordar. O silêncio dos grandes meios não nos cala. Só nos dá mais certeza de que estamos do lado certo da história.
Com informações de Antonio Mbinga Cunga (Correspondente em Angola)
Wagner Sales – editor de conteúdo
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