Luanda (AO) – O presidente de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço, e facilitador do Processo de Pacificação na Região dos Grandes Lagos, manifestou a sua profunda preocupação face à grave deterioração da situação de paz e segurança no Leste da República Democrática do Congo (RDC), em particular nas províncias do Kivu-Norte e Kivu-Sul.
O recrudescimento das acções e ataques perpetrados pelo Movimento 23 (M23) e a recente ocupação ilegal dos territórios e cidades de Sake e Minova reflectem uma perigosa escalada neste conflito, com enormes implicações na frágil situação humanitária, particularmente ao redor da cidade de Goma, agora sitiada. O problema foi publicado na página oficial do Facebook da Presidência da República de Angola.
Esforços
Na página, João Lourenço condenou e repudiou com veemência essas acções que considera irresponsáveis do M23 e seus apoiantes, e que colocam em risco todos os esforços e progressos alcançados no Processo de Luanda para uma resolução pacífica deste conflito. O presidente angolano deplorou as consequências nefastas para a segurança regional,
”A República de Angola apela às partes em conflito ao respeito pelos direitos humanos, a protecção de civis e a salvaguarda da integridade e segurança dos efectivos do Mecanismo Ad Hoc de Verificação Reforçado (MAVR), desdobrados em Goma, Kivu-Norte, no quadro dos esforços de facilitação”, avisa.
João Lourenço reitera que “o conflito e desafios de segurança no Leste da RDC não têm uma solução militar, pelo que exorta as partes a regressar de imediato à mesa das negociações “.

Fracasso
A retirada dos 22 membros angolanos das províncias da República Democrática do Congo, nomeadamente Kivu do Norte, Kivo do Sul e cidade de Goma, que iniciada nesta segunda-feira, 27, confirma o fracasso de João Lourenço na mediação dos conflitos no país vizinho.
“Face ao agravamento do conflito naquela região, em particular na cidade de Goma, onde estavam sediadas, essa medida foi desencadeada numa acção concertada com os governos da RDC e do Rwanda, tendo os membros das duas entidades chegado às primeiras horas de hoje a Luanda a bordo de um avião da Força Aérea Angolana”, esclarece em comunicado o Ministério das Relações Exteriores de Angola.
Várias fontes das Nações Unidas confirmam a tomada de Goma, domingo (26), pelos combatentes do M23 (Movimento 23 de Março) e do Rwanda.
“Dia glorioso que marca a libertação da cidade de Goma”, escreveu em comunicado a Aliança do Rio Congo (AFC-M23, em Francês), uma coligação político-militar da RDC que integra o M23.
O M23 e o governo ruandês acusam o exército da República Democrática do Congo de cooperar com as FDLR (Forças Democráticas para a Libertação do Rwanda), grupo rebelde fundado em 2000 por líderes do genocídio de 1994 e outros ruandeses exilados na RDC. Por seu lado, a RDC acusa o Rwanda de pretender controlar os recursos naturais da sua região leste, acusações sempre negadas por Paul Kagame, Presidente do Rwanda.
A entrada dos combatentes do M23 e dos 3.500 soldados ruandeses em Goma já causou milhares de deslocados.
Com informações de Antonio Mbinga e Geraldo José Letras (correspondentes internacionais)
Wagner Sales – Editor de conteúdo