Soprando ventos quentes, de uma paz utópica.

“Eu pensei em mim
Eu pensei em ti
Eu chorei por nós
Que contradição
Só a guerra faz
Nosso amor em paz”

A evidência mais antiga de guerra pré-histórica é um cemitério mesolítico em Jebel Sahaba, que foi determinado ter aproximadamente 14 000 anos. Cerca de quarenta e cinco por cento dos esqueletos apresentavam sinais de morte violenta. Desde a ascensão do estado, cerca de 5 000 anos atrás,a atividade militar ocorreu em grande parte do globo. O advento da pólvora e a aceleração dos avanços tecnológicos levaram à guerra moderna.

A guerra sempre foi alvo de intensos estudos ao longo da história. Um dos tratados mais conhecidos sobre a guerra é de um estrategista militar chinês chamado Sun Tzu em seu conhecido como A Arte da Guerra, é entendido como o tratado mais antigo sobre esse assunto.

Ao longo da borda de uma lagoa seca no leste da África, pesquisadores descobriram o esqueleto do mais antigo exemplo conhecido de uma guerra em pequena escala. Em um ataque planejado, os atacantes mataram 12 caçadores-coletores em algum momento entre 9 500 e 10 500 anos atrás.

Alexandre, o Grande, ordenou que todos os seus soldados raspassem a cabeça e o rosto. Ele acreditava que a barba e cabelos longos poderiam facilitar a tentativa de uma degolada.

No Japão feudal, o exército Imperial tinha soldados especiais cuja única missão era contar o número de cabeças de inimigos cortadas em cada batalha, para fins matemáticos e estatísticos censitários – estratégicos.

A guerra mais rápida da história durou 37 minutos. Uma esquadra inglesa decidiu ancorar no porto de Zanzibar, na África, em 1896, para assistir a uma partida de críquete. O sultão de Zanzibar não gostou e mandou que seu único navio atacasse os ingleses. Quando o navio abriu fogo, os ingleses o afundaram rapidamente e ainda destruíram o palácio do sultão, matando quinhentos soldados. Zanzibar se rendeu na hora e o sultão fugiu para a Alemanha. Já o século XX, marcado pela a primeira guerra ( 1914 – 1918) e a segunda guerra( 1939-1945), em seu final iniciava-se uma forte guerra ideológica que se encontra até os dias atuais.

A guerra é inerente ou não à natureza humana, urge discutir seu perigoso endeusamento, que acaba por banalizá-la. Devemos nos confrontar com declarações como a de tal ministro norte-americano, que recentemente disse com a mais banal frieza que as tais bombas de sete toneladas jogadas sobre o Afeganistão eram feitas para matar o maior número possível de homens. Não disse nem “de soldados”, e sim “de homens”.

É preciso portanto reconhecer: a guerra como valor negativo não é nenhuma unanimidade. Há momentos onde os valores balançam, sentimentos de um humanitarismo sagrado parecem se tornar minoritários. Acaba parecendo inócuo dizer que a diplomacia não teve sua chance, ou não se quis que ela tivesse (Iraque, Líbia, Sudão, Afeganistão, definitivamente o inimigo se parece. Se ele não colabora, ajuda-se para que ele aja conforme convém). Ontem o imperialismo predador ou o comunismo expansionista, hoje o islamismo militante – a noção de inimigo sempre leva um empurrãozinho da semântica. Impõe-se definir com urgência a palavra “terrorismo” – aí estará o embate dos próximos anos.

É fácil e tentador para alguns alcunhar de “terrorismo” toda e qualquer dissidência – para retomar um termo de lutas passadas. Em torno de questões semânticas e do controle da informação portanto girarão os conflitos futuros. Isso é o que o momento político (que voltou a se militarizar) de hoje permite supor. Mas será mesmo assim? Falou-se de uma era de paz após o fim da guerra fria – mas esta era de paz assistiu a massacres inconcebíveis na África, à devastação dantesca em plena Nova Iorque, a ações anteriormente inimagináveis no Golfo Pérsico, na Iugoslávia (em plena Europa), no recém-redescoberto Afeganistão. Guerras quentes enfim, com perdas de vidas humanas em números jamais vistos durante a guerra fria.

A nova guerra (a do anti-terrorismo, que fez caducarem tantas noções arraigadas) seria então filha da globalização – ou seria ela um cavalo de Tróia para uma globalização forçada, unilateral, belicosa?

“Quantas estradas um homem precisará andar
Até que possam chamá-lo de homem?
Sim, e quantos mares uma pomba branca precisará sobrevoar
Até que ela possa dormir na areia?
Sim, e quantas balas de canhão precisarão voar
Até serem para sempre banidas?”

Prof.Denilson Costa

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