Os 13 investigados foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República, no último dia 28, pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato, lavagem de dinheiro e fraude a licitação. Foto: Agência Senado.

STJ suspende sigilo sobre o processo contra o governador do Acre

Brasília – A pedido do Ministério Público Federal (MPF), a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Nancy Andrighi determinou a suspensão do sigilo sobre o processo em que o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), e mais 12 pessoas foram denunciados por uma série de crimes relacionados a irregularidades em licitação e na execução de contrato com uma empresa privada.

Além da abertura de ação penal contra os 13 investigados, o MPF pede na denúncia que o governador seja afastado do cargo até o fim da instrução criminal e que todos eles sejam impedidos de deixar o país sem autorização judicial. Relatora do processo no STJ – tribunal competente para julgar governadores por crimes comuns –, Nancy Andrighi informou que o caso será analisado em momento oportuno, sem data definida.

Compartilhamento de informações

Na mesma decisão em que suspendeu o sigilo, a ministra autorizou o compartilhamento de informações e provas que integram a denúncia com a Polícia Federal, a Controladoria Regional da União no Acre, o Ministério Público estadual e a Assembleia Legislativa – para a apuração da conduta do governador na esfera político-administrativa.

Os 13 investigados foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República, no último dia 28, pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato, lavagem de dinheiro e fraude a licitação. Iniciadas em 2019, as práticas ilícitas teriam causado prejuízos de quase R$ 11,7 milhões aos cofres públicos, segundo a denúncia.

De acordo com o MPF, a denúncia decorre de fraudes na contratação da Murano Construções Ltda. – e na respectiva licitação – para a realização de obras de engenharia viária e edificação, pelas quais a empresa teria recebido R$ 18 milhões. As supostas irregularidades nesse contrato foram apuradas no contexto de uma investigação mais ampla, denominada Operação Ptolomeu.

Também foram denunciados a mulher e dois irmãos do governador, empresários, servidores públicos e pessoas que teriam agido como “laranjas” no esquema criminoso.

Ao decidir pelo levantamento do sigilo, a ministra Nancy Andrighi afirmou que, tendo sido concluídas as investigações da fase pré-processual e oferecida a denúncia ao STJ, não há mais razão para impedir a publicidade sobre os fatos em apuração. “O interesse público à informação (artigo 93, IX, da Constituição Federal) se sobrepõe, na situação concreta, ao direito à intimidade dos acusados (artigo 5°, LV, da CF)”, disse a relatora, para quem não há nenhuma exceção que justifique a tramitação sigilosa do processo.

Em relação aos pedidos de compartilhamento, Nancy Andrighi observou que essa pretensão encontra respaldo na Lei das Organizações Criminosas e nas Convenções de Palermo e de Mérida.

O que diz a defesa

O advogado Pedro Ivo, que defende o governador Gladson Cameli nas investigações no ambito da Operação Ptolomeu, se manifestou momentos depois da Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciar que denunciou e pediu o afastamento do chefe do executivo do cargo pelos crimes de organização criminosa, corrupção nas modalidades ativa e passiva, peculato, lavagem de dinheiro e fraude a licitação.

“Esse pedido de afastamento é arbitrário. É um absurdo. Não há nenhum fato novo que justifique esse pedido de afastamento. Ele decorre de outro que já havia sido indeferido no Superior Tribunal de Justiça e além de tudo ele foi feito na vacância do cargo de Procurador-Geral da República”, destacou o jurista.

No entender do advogado, essa investigação é toda ilegal e decorre de uma devassa realizada pela Polícia Federal de Cruzeiro do Sul sem que tivesse competência para investigar o governador Gladson Cameli. “Para se ter uma ideia, quebraram um sigilo de uma criança de apenas 7 anos de idade, o filho do governador. E não há nenhuma ilegalidade atribuída ao governador Gladson Cameli. As obras foram todas executadas, entregues ao povo do Acre que reelegeu Gladson no primeiro turno”, explicou.

Pedro afirmou ainda que o pedido de afastamento é uma afronta e ressaltou que o governador confia na Justiça. “Esse pedido de afastamento é uma afronta ao mandato conferido pelo povo do Acre. O governador Gladson Cameli confia no poder judiciário e no Superior Tribunal de Justiça e fará a sua defesa e tenho a convicção que no final esse pedido será indeferido”, finalizou.

Após o advogado de manifestar, a Secretaria de Estado de Comunicação informou que o governador mantém sua confiança na justiça, mantendo-se à disposição para quaisquer esclarecimentos, bem como permanece cumprindo suas obrigações como chefe do Poder Executivo do Estado do Acre.

Com STJ / AC24horas

Wagner Sales – Editor de Conteúdo

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