Em um mundo onde as palavras têm o poder de construir ou destruir, é assustador perceber como determinadas expressões ainda permeiam nosso cotidiano. Elas se infiltram nas conversas, nos rótulos e, muitas vezes, nas nossas próprias mentes, moldando percepções e perpetuando estigmas. É um eco do passado que ressoa no presente e que, se não for confrontado, continuará a ditar o futuro.
Quando falamos de racismo, muitas vezes pensamos em atos de discriminação abertos, em agressões visíveis. Mas o racismo também se disfarça em palavras que utilizamos sem pensar, que se tornam parte da nossa linguagem cotidiana. Aquelas expressões que, embora possam parecer inofensivas ou até mesmo banais, carregam um peso histórico imenso, um fardo que muitos ainda transportam.
É curioso como algumas palavras, que para muitos podem parecer apenas uma maneira de se referir a algo ou alguém, têm o poder de ferir profundamente. Elas evocam imagens, lembranças e sentimentos de dor, exclusão e desumanização. E o pior: muitas vezes, não estamos nem mesmo cientes de que estamos perpetuando esse ciclo.
A verdade é que substituir essas palavras racistas não é apenas uma questão de polidez; é um ato de respeito e empatia. É reconhecer que cada palavra tem um peso, que cada expressão pode ser uma faca afiada, capaz de cortar a carne da dignidade do outro. E, ao substituir uma palavra, estamos também fazendo uma escolha consciente de promover a inclusão e a valorização da diversidade. Imagine uma conversa comum em que alguém se refere a uma pessoa de uma determinada raça com um termo depreciativo.
A resposta a isso não deve ser simplesmente um olhar desaprovador, mas um convite ao diálogo. “Vamos falar de outra maneira”, poderíamos dizer. “Que tal usarmos o nome dessa pessoa?” Ou um termo que não a desumanize?” Essa pequena mudança pode ser o início de uma transformação maior. E não se trata apenas de substituir palavras em um diálogo. É um convite a refletir sobre como construímos nossas narrativas. Que tipo de histórias estamos contando sobre os outros? Que visões de mundo estamos perpetuando?
O racismo não é apenas uma questão de linguagem; é um reflexo de estruturas sociais que ainda precisam ser desconstruídas. Portanto, quando nos deparamos com expressões racistas, que possamos ter a coragem de confrontá-las. Que possamos ser agentes de mudança nas nossas comunidades, nas nossas casas, nos nossos círculos de amizade. Substituir essas palavras é mais do que uma tarefa; é um compromisso com um futuro em que todos sejam respeitados e valorizados.
Assim, ao invés de nos calarmos, que possamos nos levantar. Que possamos ser a voz que diz: “Aqui, não.” Aqui, escolhemos a empatia. Aqui, as palavras têm o poder de curar e unir, e não de ferir e dividir.” Pois, ao final do dia, um simples ato de substituir uma palavra pode ser o primeiro passo para a construção de um mundo mais justo e acolhedor para todos.
Denílson Costa