Um estudo publicado nesta quarta-feira (11/06) no periódico científico Cadernos de Saúde Pública aponta que os cuidados de atenção primária e as visitas domiciliares de profissionais de saúde são as estratégias mais eficazes para tratar e interromper a transmissão de tuberculose na cidade do Rio de Janeiro. A pesquisa faz parte do doutorado em epidemiologia da médica Fernanda Lopes, pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz (ENSP-Fiocruz).
Associação Direta entre Visitas Domiciliares e Detecção de Casos
O estudo analisou dados de casos de tuberculose no Rio de Janeiro entre 2014, ano de implementação dos testes rápidos, e 2022. Os pesquisadores investigaram como a cobertura da atenção primária, as visitas domiciliares e outros fatores, como a pandemia de Covid-19, influenciaram a detecção de casos de tuberculose.
Fernanda Lopes explica que houve uma associação direta entre as visitas e a detecção de casos. “A tuberculose é uma doença de transmissão respiratória, ocorre dentro das casas, então, na visita do profissional de saúde, você detecta os casos, avalia as condições de moradia, quantas pessoas moram ali e que podem ter sido contaminadas”, afirma. A presença dos profissionais permite a busca ativa por casos, a prevenção da transmissão e um controle mais eficaz do tratamento.
Yara Hahr, pesquisadora da Fiocruz e orientadora de Lopes, destaca: “A principal estratégia para conter a tuberculose é o diagnóstico rápido e iniciar o tratamento de forma precoce. Só que é um tratamento longo, de pelo menos seis meses, e incômodo, então precisa garantir aderência.” Ela ressalta que, embora os testes rápidos ajudem, a acessibilidade do serviço, proporcionada pela atenção primária e visitas, é crucial.
Ampliação dos Serviços do SUS e Cenário no Rio de Janeiro
Para as pesquisadoras, o estudo enfatiza a necessidade de manter e ampliar os serviços oferecidos pelo SUS para a prevenção, detecção e tratamento da tuberculose por meio da atenção primária. Essa medida é ainda mais importante no Rio de Janeiro, que registra 96 casos a cada 100 mil habitantes.
Yara Hahr alerta: “É a terceira capital com a maior incidência no Brasil, fica atrás de Manaus e Recife, então todo médico que trabalha no Rio precisa considerar que a presença de tosse por duas semanas pode ser tuberculose.”
Os dados de casos de tuberculose foram coletados do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan), enquanto as informações de cobertura da atenção básica vieram dos Painéis de Indicadores da Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde.
Com informações de Agência Bori
Wagner Sales – editor de conteúdo
Foto: Divulgação