Um novo estudo, resultado de uma parceria entre a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Instituto Nacional de Investigação da Polônia (Nask), revela que um em cada quatro empregos no mundo está potencialmente exposto à Inteligência Artificial Generativa (IA Generativa). A principal conclusão do documento é que a tendência mais provável será a transformação das profissões, e não a substituição total de postos de trabalho.
O “Índice Global OIT-Nask” foi desenvolvido para subsidiar decisões políticas, oferecendo dados detalhados e informações cruciais para gerir o impacto da Inteligência Artificial (IA) no mercado de trabalho global. O relatório, intitulado “Inteligência Artificial Generativa e Empregos: Um Índice Global Refinado da Exposição Ocupacional”, apresenta um panorama sobre como essas tecnologias podem reconfigurar o mercado em diferentes países.
Análise Abrangente e Níveis de Exposição
Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores analisaram cerca de 30 mil tarefas profissionais, combinando-as com uma classificação atribuída por IA e microdados harmonizados da agência da ONU. Pawel Gmyrek, investigador e autor do estudo, explica que a pesquisa foi além da teoria, baseando-se em atividades reais e combinando experiência humana, módulos de IA generativa e revisões de especialistas para criar um método replicável. Isso fornece aos países um ponto de partida para analisar riscos e adaptar suas respostas.
O documento introduz novos “níveis de exposição”, agrupando profissões de acordo com os dados coletados. Esses níveis ajudam os formuladores de políticas a diferenciar entre empregos com alto risco de automatização total e aqueles com maior probabilidade de evoluir através da transformação de tarefas.
Globalmente, 25% dos empregos estão potencialmente expostos à IA, com os valores mais elevados em países de alta renda, onde a porcentagem chega a 34%. A exposição à IA é notavelmente maior entre as mulheres nos países desenvolvidos: 9,6% dos empregos femininos são altamente expostos à automatização, em contraste com 3,5% dos empregos masculinos.
As funções administrativas são as que mais devem sentir os impactos da IA, devido à sua capacidade teórica de automatizar muitas de suas tarefas. Setores como mídia, desenvolvimento de software e finanças, que envolvem tarefas cognitivas e são altamente digitalizados, também serão afetados.
Transformação, Não Perda de Empregos
Apesar da alta exposição, os pesquisadores ressaltam que a automatização total do trabalho permanece limitada. Isso ocorre porque muitas tarefas, mesmo quando realizadas de forma mais eficiente pela IA, ainda exigem a intervenção humana. Fatores como limitações tecnológicas, lacunas em infraestruturas e escassez de competências farão com que a aplicação da IA varie consideravelmente entre países e setores.
O estudo da OIT-Nask enfatiza que esses números refletem uma expectativa e não perdas reais de postos de trabalho, indicando que os empregos serão transformados, mas não perdidos para a tecnologia. O relatório conclui que políticas proativas e inclusivas, com diálogo social entre governos, empregadores e trabalhadores, serão cruciais para guiar as transições digitais, garantindo que os trabalhadores possam se adaptar às profissões transformadas pela IA e que a qualidade do emprego seja mantida ou melhorada.
Com informações de ONU News
Wagner Sales – editor de conteúdo