Almerinda Lucala defende que o Ministério da Educação deve "inserir as línguas nacionais no sistema de ensino e reservar vagas para professores formados em Línguas e Literaturas Africanas nos concursos públicos".

Universitários defendem ensino de Línguas Nacionais nas escolas fundamentais

Luanda – Estudantes universitários e licenciados em Ciências da Educação, opção Ensino de Línguas e Literaturas Africanas, pelo Instituto Superior de Ciências da Educação de Luanda juntam-se em movimento de pressão social contra o Ministério da Educação para exigir a criação e aprovação denominado “Programa de inclusão das línguas angolanas no Sistema Nacional de Ensino, bem como em concursos públicos de contratação de professores e reservar vagas para formados na área”.

O Ministério da Educação deve “inserir as línguas nacionais no sistema de ensino e reservar vagas para professores formados em Línguas e Literaturas Africanas nos concursos públicos do sector porque”, de acordo com a recém-licenciada Almerinda Lucala, “ensinar a língua é ensinar a cultura”.

“Logo ao ensinar-se as línguas, por consequência, vai ensinar-se também as várias culturas Bantu contidas nas línguas nacionais de Angola”, disse Lucala ao acrescentar “seguidamente quando o ensino é feito nas línguas nativas dos povos tem-se melhorias significativas na educação e no sistema de ensino em si”.

Línguas angolanas

Almerinda Lucala é co-mentora do projecto que visa unificar professores das línguas angolanas em associação de defesa da inclusão delas no Sistema Nacional de Educação e valorização dos jovens formados em Ensino de Línguas e Literaturas Africanas. Ela recorre à Constituição da República Angolana para lembrar que a Carta “prevê a divulgação, promoção, inserção e ensino das línguas nacionais, por isso é imperativo que se criem leis e regulamentos para a inserção no ensino, por meio, por exemplo, de concursos públicos para professores formados nesta área”.

“Por outro lado, acentua, “o próprio estado tem investido na formação e capacitação de professores e outros profissionais para lecionarem nestas áreas como os formandos do ISCED-LUANDA e da Faculdade de Humanidades do curso de Línguas e Literaturas Africanas”. A especialista conclui que “assim o próprio estado deve aproveitar e utilizar esses profissionais, resultando no aproveitamento do seu próprio investimento.”

A mesma posição é defendida por José Nicolau, especialista em Ensino da Língua Umbundu outro mentor da iniciativa que acredita que a proposta chegue até ao “Presidente da República, João Lourenço, Assembleia Nacional e demais instituições de elaboração, aprovação e execução de políticas públicas.”

“O objetivo deste projeto é divulgar o nosso curso e despertar o executivo angolano no sentido de ter conhecimento que o governo gasta dinheiro em dar formação aos técnicos superiores de formadores de Professores de línguas nacionais, e não aproveita os mesmos para sermos reconhecidos e passar a ter vagas em todos concursos públicos de todas instituições públicas, e em todas as províncias do país”, ressaltou

Valorização e inclusão

“Nós não queremos ser adaptados nas instituições. Nós nos formamos em línguas nacionais e não língua portuguesa, inglês e francês” manifestaram-se agastados contra a falta de vagas nos concursos públicos que o governo realiza através de vários ministérios e instituições públicas no país.

“Além do Ministério da Educação, defendemos que merecemos ter vagas nos concursos públicos de todas as instituições públicas, MAPTESS, Ministério do Interior, Ministério da Cultura, Ministério da Administração Pública e Território, e outros, mas com ênfase no Ministério da educação e Administração pública e Ministério da saúde”, porque “em Angola, muitas as pessoas que não falam Português, se o falam é com dificuldades, porque têm como língua materna outras que não o Português. Um formado na área das línguas nacionais ajudaria na comunicação e capacitação dos técnicos de diferentes áreas que servem a população”, disse José Nicolau.

É por “falta de vontade política que o governo não institui a contratação de professores e inserção das línguas nacionais” entendeu o Especialista em Kimbundu, Abel Lukeba.  Ele lembrou que a Ministra da Educação, Luísa Grilo, “já havia garantido que, numa primeira fase, as províncias onde estudos já foram realizados serão as primeiras onde será implementado o processo”. Sem precisar quais províncias, Grilo teria afirmado que o arranque do processo vai passar por uma discussão em Conselho de Ministros e depois com os professores, os principais atores do ensino. “Mas, vimos que neste concurso que está a ser feito, não se reservou vagas para professores de língua nacional. Como ficam os quadros formados na área? Realmente fomos novamente desprezados” lamentou Lukeba.

De lembrar que o Português em Angola é língua oficial e partilha o espaço com várias línguas locais em que se destacam o Umbundu com o maior número de falantes, Kimbundu, segunda mais falada, Kikongo, Cokwe, Nganguela, Oshikwanyama, Ibinda, e tantas outras. E nenhuma delas é ensinada nas escolas.

Com Geraldo José Letras (Correspondente em Angola)

Wagner Sales – Editor de Conteúdo

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2 Comentários

  1. Avatar

    Ideia aprovada, quando o ensino é ministrado nas nossas línguas garante-se uma boa aprendizagem…

  2. Avatar

    Agradeço a todos colegas que deram o seu parecer. Muito obrigado por representarem todos nós.

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