“Brava gente brasileira!
Longe vá, temor servil
Ou ficar a pátria livre
Ou morrer pelo Brasil
Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil
Houve mão mais poderosa
Zombou deles o Brasil”
Terminou vitorioso, zombando dos colonizadores.É interessante perceber o quanto a história do Brasil é contada do ponto de vista do colonizador e do branco. A independência foi um desses momentos que atendeu apenas a uma elite, não dando conta de garantir a liberdade para a maior parte da população brasileira, os negros e indígenas.
Não aprendemos sobre esses fatos sob outra perspectiva e nem temos esses debates. Esse era um momento efervescente da busca pela abolição com várias revoltas no Brasil e outros países conquistando essa liberdade do povo negro como no Haiti. A história ainda retrata apenas um lado e a gente ainda precisa buscar outras informações sobre esse período, esse apagamento das lutas negras faz parte de um racismo estrutural que é resquício daquele momento em que o negro não era visto como humano e sim como coisa, “CARNE MAIS BARATA DO MERCADO”. A sua história, seus costumes, sua cultura, seus pensamentos não importavam, já que ele era animalizado. Foram os mais expressivos.
Mas sem sombras de dúvidas a Conjuração Baiana em 1798, foi o com a maior participação efetiva da população negra, tanto a livre quanto a escravizada”, e foi um movimento que pensava o processo de Independência correlatamente com o processo de abolição da escravidão, algo que não aparecia nos outros dois movimentos insurgentes, à Independência do Brasil pressupõe pelo menos uma análise de duas escalas desse processo: aquele feito pela classe política, pela oligarquia que se estendeu até 1930, conhecida como política do Café com Leite, controle dos fazendeiros do vale do paraiba (Coronéis) , político-econômica brasileira; de outro lado, o chão das províncias, as pessoas que realmente transformaram esse projeto de Independência em um fato real, nesse ponto, há uma presença muito forte de sujeitos que tiveram suas histórias silenciadas, homens e mulheres, negros, mestiços, pobres, etc.
A maneira como aprendemos a história da Independência do Brasil é mais um dos expoentes sintomas do racismo estrutural brasileiro, que silencia as inúmeras histórias e participações da população não branca na formação do país, na consolidação do Estado nacional brasileiro houve uma intenção de “não lembrança”, de “não significação” dos elementos de luta negra, indígena, de gênero e, “sobretudo, de classe”. Eles são apagados em nome da manutenção do poderio da elite local, que ‘faz’, enfim, a Independência e dão sentido a ela.
Não podemos esquecer de Maria Felipa, Maria Quitéria como muitos que derramaram sangue, mas a existência é forte e é símbolo de resistência negra e feminina. Na Bahia o marco da independência foi reescrevendo, recontando, descobrindo a verdadeira história desse país, desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento, tem sangue retinto pisado, atrás do herói emoldurado. Mulheres, tamoios, mulatos, negros, um país que não está no “retrato”, contamos em verde, amarelo, rosa e azul anil, o que brilha e o que ofusca!
Coisas do Vale
Prof. Denilson Costa