Virgenzinha

Por: Jorge Eduardo Magalhães

Assim não, sou virgenzinha. Quero me casar de branco na igreja com meu príncipe encantado. E fora que só tenho doze anos e só estou fazendo isso para comprar remédio para minha mãe que está doente e para comprar o leitinho do meu irmãozinho menor.

Quer que eu tire a roupa?

Gostou dos meus peitinhos? Ainda são pequenos. Pode beijá-lo, acariciar, só isso. Em baixo também pode fazer carinho.

Dá para me dar o dinheiro logo? Não é que eu desconfie do senhor, venho sempre aqui na sua casa quando sua velha vai à igreja, o senhor sempre me pagou direitinho, mas é só por precaução. Obrigado. Tem mais aqui? Ah é gorjeta. O senhor é um fofo!

Ah! Que língua mole o senhor tem. Para quem tem mais de setenta anos até que o senhor é bem assanhadinho. Aí não, já falei que sou virgenzinha. A não ser que o senhor me dê mais um dinheirinho, mais um dinheirinho forte. Deixa de ser pão duro. Não é por mim, ficaria muito triste em não me casar intacta, mas faço isso por causa da minha mãe e de meu irmãozinho.

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