Zé

Adquiram meu livro UMA JANELA PARA EUCLIDES

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Por: Jorge Eduardo Magalhães

Zé não lembrava quando havia começado a ser motivo de chacota no bairro onde morava. Não sabia se era porque a sua mulher fugiu com o entregador de gás, ou porque começara a beber em excesso. Passava na rua e todos riam deles, inclusive as crianças que gritavam “Zé bundão! Zé bundão!”. Enquanto as crianças faziam chacota dele cercando- o pela rua, dava tapas no ar como se estivesse espantando mosquito.

Estava farto daquilo, mas não via saída. Resolveu dar um passeio sem rumo, afastar-se algumas horas daquele bairro, tentou sair escondido para não ser visto, mas tudo foi em vão, as crianças novamente o cercavam e gritavam “Zé bundão! Zé bundão! Totalmente descontrolado, deu um safanão no menino que liderava o grupo. Um rapaz forte que estava perto e viu tudo, querendo aparecer para a namorada, deu uma rasteira em Zé, enchendo-o de chutes. Zé estava de calça branca, levantou-se, limpou a roupa, mas havia sujado. Nas partes traseiras da calça escorria aquela coisa pastosa e fedorenta. As crianças gritavam “Zé cagão! Zé cagão!” Rebaixado, humilhado, aguentou tudo de cabeça baixa. Voltou para casa, tomou seu banho, trocou de roupa. Pegou uma faca dentada de pão decidido a se vingar do rapaz. O rapaz estava com a namorada e alguns amigos bebendo no bar e de costas para a rua. Foi se aproximando lentamente pronto para empunhar a faca. Foi surpreendido com a criançada. Zé cagão! Zé cagão! Abaixou a cabeça e jogou a faca no chão.

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