Feriadão

Por: Jorge Eduardo Magalhães

Vivo em um ambiente familiar ruim. Caí no erro de construir em cima de minha sogra. Minha casa se transformou na extensão da sua, e a mãe de minha esposa entra a toda hora, sem pedir licença, abrindo a geladeira, perguntando por que está faltando comida e o motivo pelo qual não fiz compras.

Aliás, meu casamento foi um grande equívoco. Acho que me casei por carência afetiva, falta de autoconfiança, sei lá. Nunca fui dotado de grande beleza e ela, que não era feia, desde o namoro, disse que queria que eu a sustentasse. Fica o dia inteiro dentro de casa, vendo televisão e comendo. Engordou muito e a nossa filha de dez anos está indo pelo mesmo caminho, pois só comem porcarias e a minha filha, assim como a mãe, não me respeita.

Tenho um emprego medíocre. Não ganho bem, mas também não me aborreço. Sempre ao final do expediente, em vez de ir direto para casa, fico andando pelas ruas, sem rumo, estendendo o máximo o tempo de chegar em casa, pois sei que me depararei com aquelas duas figuras preguiçosas e obesas, a casa toda bagunçada, a pia repleta de louça e o desrespeito das duas. Isso quando a minha sogra também não está lá em casa.

Nesta semana tem um feriadão. Tentei a todo custo trabalhar nesse período, pedi ao meu chefe para adiantar o serviço no feriado, não precisava me pagar hora extra, mas ele não quis. A empresa irá ficar fechada. Que inferno! Estou sentindo calafrio, taquicardia, à medida que o feriadão se aproxima.

Adquiram meu livro UMA JANELA PARA EUCLIDES

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