O ANJO EPISTOLAR: CAPÍTULO 12 – O crime do Jardim Botânico

Por: Jorge Eduardo Magalhães

Segundo relatos de vizinhos e funcionários do prédio, em depoimento à polícia, fazia três dias que ninguém via o casal Junqueira Porto sair de seu apartamento no bairro do Jardim Botânico. Inicialmente, os porteiros do dia e da noite não se deram conta, tendo em vista que os dois eram muito discretos.

Fazia calor e logo o mau cheiro começou a exalar por todo o prédio. A polícia e o corpo de bombeiros foram acionados e, ao arrombarem a porta, encontraram os cadáveres do casal, já em estado de decomposição, nus na cama. A perícia constatou que suas gargantas foram cortadas com uma faca ou algo parecido.

Logo checaram as câmeras de segurança, mas nada foi encontrado. Os moradores lembraram que, no último dia em que o casal foi visto, ao anoitecer, houve uma queda de energia por cerca de uma hora e, por isso, as câmeras não funcionaram; provavelmente neste momento ocorreu o duplo homicídio. Aparentemente nada havia sido levado do apartamento, por isso, foi levantada a hipótese de que seria um crime movido por vingança ou mesmo passional.

A polícia considerou que a queda de energia não fora mero acaso, certamente alguém a provocara para que a rua e o prédio ficassem em total escuridão e, assim, executar o crime. Na sequência, deram-se início os inquéritos, que começou pelo porteiro que estava de serviço no dia; o homem foi pressionando a falar algo, alguma coisa que soubesse, mas, claramente, não sabia de nada. Não foi possível arrancar nada dele.

O titular da Homicídios verificou se o casal tinha inimigos, algo que ferisse sua reputação, mas nada foi encontrado: Ana Flávia e Paulo Alberto Junqueira Porto, ambos com 35 anos, eram médicos, especializados em cirurgia plástica e tinham uma clínica de estética no Jardim Botânico, bairro onde também residiam. Paulo Alberto fazia parte da terceira geração de médicos em sua família, e a sua clínica era um verdadeiro sucesso entre a elite carioca, muito conceituados, sempre apareciam nas colunas sociais.

Obviamente, toda a imprensa nacional cobriu o caso, mas o Patrulha Carioca enfatizou o caso de uma forma especial, com uma narrativa quase literária, intitulando de “O crime do Jardim Botânico”. Destaquei uma coluna no jornal só para este caso, fazendo várias especulações sobre quem seria o assassino do casal Junqueira Porto e quais as suas motivações para praticar algo tão macabro.

Cheguei a especular uma cirurgia malfeita (inspirei-me no filme O circo dos horrores, de 1960), ou de uma paciente apaixonada por Paulo Alberto e até um suposto caso de Ana Flávia com um funcionário do prédio. Todo esse viés literário para o caso proporcionou a duplicação do número de assinaturas do Patrulha Carioca.

Assim como os outros casos, nada foi descoberto e, com o tempo, foi esfriando e caindo no esquecimento.

NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.

Acessem meu blog: http://jemagalhaes.blogspot.com

 

Acessem meu blog: http://jemagalhaes.blogspot.com

 

Adquiram meu livro UMA JANELA PARA EUCLIDES

editorapatua.com.br/uma-janela-para-euclides-dramaturgia-de-jorge-eduardo-magalhaes/p

Sobre Jorge Eduardo Magalhães Jedu Magalhães

Jorge Eduardo Magalhães Jedu Magalhães

Check Also

O ANJO EPISTOLAR: CAPÍTULO 70 – Então é você?

Por: Jorge Eduardo Magalhães Aquela última epístola causou um verdadeiro alvoroço. Teria sido o Cabo …

One comment

  1. Avatar

    Excelente! Cada história mais intrigante do que a outra!👏👏👏👏👏

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Sign In

Register

Reset Password

Please enter your username or email address, you will receive a link to create a new password via email.