O ANJO EPISTOLAR: CAPÍTULO 49 – Breve sumiço

Por: Jorge Eduardo Magalhães

Após essa “Oitava Epístola”, os leitores ficaram alvoroçados sobre quem seria o tal Paulinho, e o que essa história de obsessão de Gervásio pelo amigo de infância teria a ver com o caso do Monstro de Sepetiba. A caixa de e-mail do Patrulha Carioca ficou tão abarrotada de mensagens que nem consegui abrir todas.

Na verdade, nem consegui me concentrar direito e nem me deleitar com a repercussão da coluna do “Anjo Epistolar” devido à minha preocupação com Lisa. Tinha consciência de ter feito uma loucura ao colocar uma desconhecida dentro de meu apartamento apenas por ser uma sósia de minha esposa quando jovem.

Percebia que, embora tentasse disfarçar e forçasse um carinho exagerado, havia algo no ar. Começou a chegar cada vez mais tarde, sempre com a desculpa de ter tido aulas mais tarde ou de estar estudando na casa de alguma amiga, pois as cobranças no curso estavam intensas.

Naquela semana, quando acordei pela manhã, Lisa não estava mais na cama, tinha saído cedo, mais do que o comum. Foi ficando tarde e ela ainda não havia voltado. Mandei mensagem, liguei, mas só caía na caixa-postal. Tive a iniciativa de ir à faculdade onde ela dizia estudar e, curiosamente, ninguém a conhecia. Cheguei a lhe mostrar uma foto do celular, mas ninguém sabia quem ela era.

Voltei para casa, desconfiado e, tarde da noite, ela voltou, dizendo que ficara até tarde, estudando na casa de uma amiga e havia perdido a hora. Contei-lhe do ocorrido na faculdade e, sem se abalar, disse-me que sua turma já havia ido embora àquela hora e o restante do pessoal não a conhecia.

Lisa foi tomar um banho e fiquei pensando em mandá-la embora, mas não tive coragem. Naquela noite, dormimos abraçados.

NÃO PERCAM O CAPÍTULO DE AMANHÃ.

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